Câmeras flagraram briga na noite do dia 4 de abril. Entregador diz que foi chamado de ‘preto da favela’ e registrou o caso na delegacia como injúria. Novas imagens mostram primeira discussão de ex-atleta de vôlei e entregador dias antes das agressões
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Novas imagens de câmeras de segurança mostram a primeira discussão entre a ex-jogadora de vôlei, Sandra Mathias Correia de Sá, e o entregador Max Angelo dos Santos, dias antes das agressões.
A briga aconteceu no dia 4 de abril, às 22h40. Sandra passeia com o cachorro em São Conrado, na Zona Sul. Max passa de bicicleta pela calçada. Ela gesticula e fala com ele.
“Me chamou de preto da favela, me chamou de marginal. Ela insinuou que eu tenho uma quadrilha”, contou o entregador.
No dia seguinte, Max registrou o caso na delegacia como injúria.
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Uma câmera do sistema de segurança do prédio onde Sandra mora registrou o que para os investigadores foi o começo da confusão que aconteceu na calçada no 4 de abril.
Outras imagens foram feitas por uma câmera de uma galeria. Ela registra o momento da confusão que aconteceu onde estão os entregadores esperando por encomendas para levar.
Era domingo de Páscoa, pouco depois das 17h. Sandra passa em frente ao ponto onde estão os entregadores e começa a discutir com a entregadora Viviane Maria de Souza.
Sandra chega perto de Viviane e dá o primeiro tapa. Depois, outro.
“Ela começou a me xingar e começou as agressões dela. Foi onde que eu me defendi. Aí foi onde que eu peguei ela com a perna e ela me mordeu. E eu falei para o Max ‘tira ela de mim, me ajuda, eu não quero brigar’”, contou a entregadora.
Sandra discutindo e mordendo a entregadora Viviane
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Ela diz que não chegou a bater em Sandra. “Eu só empurrei ela com o pé.”
Conta ainda que se feriu.
“Tenho esses machucados que estão na perna e tô com mais dor nos ossos, das pancadas. Por correr dela, levei um capote (..s) e a mordida dela, que deu em cima do meu enxerto, que eu tenho enxerto aqui, um machucado que eu sofri no passado. Ela mordeu em cima”, contou a trabalhadora.
Quatro minutos depois, Sandra reaparece no vídeo andando na direção de Max. As imagens mostram que ela parte pra cima dele, que tenta se proteger. Max a empurra e tenta se livrar de Sandra. Ela acerta três socos nas costas do entregador.
Logo depois, Sandra tira a guia da coleira do cachorro e usa como um chicote para bater quatro vezes em Max.
“Ela veio, começou a me dar um monte de soco, pegou a coleira, deu nas minhas costas e falou que eu era um preto, favelado, um marginal que aqui só para marginal. Sendo que ela sai do prédio dela, passa aqui e fica tentando prejudicar a vida dos outros aqui”, contou.
Mulher xinga e agride entregador com coleira no Rio
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Pelo menos nove pessoas foram testemunhas das agressões.
“A gente acha que não vai acontecer com a gente, mas quando a gente sofre é diferente. É diferente. Você fica com raiva, você não consegue achar uma explicação para aquilo. Em pleno século 21 e ainda existem pessoas assim. Alguma coisa precisa ser feita”, fala Max.
Sandra foi intimada a depor na polícia na quarta-feira (12), mas não apareceu. O advogado de defesa dela entregou fotos que mostram que Sandra está com hematomas pelo corpo e ainda um atestado médico válido até o próximo domingo (16).
Sandra Mathias Correia de Sá
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O Ministério da Igualdade Racial questionou o governo do estado Rio, a prefeitura, o Ministério Público, a Defensoria Púlica e a Assembleia Legislativa sobre apuração dos crimes contra os entregadores em São Conrado.
As agressões não saem da cabeça de Viviane.
“Meus dias têm sido atribulados. Não tenho vontade de fazer mais nada. Minha vida é chorar, ficar trancada no quarto. Só aquela depressão, que vai passando aquele filme na cabeça. Não sai da minha cabeça. Não sai. Não tô me vitimando, tô apenas falando o jeito que eu sinto. Não me sinto bem mais.”
Novas imagens mostram primeira discussão de ex-atleta de vôlei e entregador dias antes de agressões
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