Marcelo da Silva Vieira trabalhava no Gabinete Adjunto de Documentação Histórica e diz ter se recusado a assinar ofício para liberar conjunto de luxo de R$ 16 milhões retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
GIF – joias de luxo que a família Bolsonaro ganhou do governo da Arábia Saudita
Arte/g1
Bolsonaro participou de telefonema sobre ofício para resgatar joias apreendidas, diz à PF ex-funcionário da Presidência
Marcelo da Silva Vieira trabalhava no Gabinete Adjunto de Documentação Histórica e diz ter se recusado a assinar ofício para liberar conjunto de luxo de R$ 16 milhões retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de um telefonema sobre um ofício feito pelo seu braço-direito, Mauro Cid, para tentar resgatar as joias de R$ 16,5 milhões apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, disse um ex-funcionário da Presidência da República à Polícia Federal
Em depoimento, obtido pelo blog, o ex-chefe de gabinete de documentação histórica da Presidência, Marcelo da Silva Vieira, contou que, em dezembro de 2022, Cid pediu para ele assinar um ofício que seria enviado à Receita para, nas palavras dele, solicitar incorporação dos bens aprendidos pela presidência.
Vieira disse a Cid que não poderia fazê-lo.
Depois da negativa, os dois falaram ao telefone sobre o assunto – Vieira disse à PF não se lembrar quem fez a ligação. Num determinado momento, segundo o funcionário contou à PF, “Mauro Cid colocou a ligação no modo viva-voz e pediu ao declarante para que explicasse ao Presidente da República essa situação e por que não poderia assinar.”
Vieira afirma, então, que deu explicações técnicas sobre a impossibilidade e que Bolsonaro disse “ok, obrigado.”
Vieira era chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH). Sua função era revisar o que poderia ser aceito como presente para o acervo privado presidencial ou não. Ele estava no órgão desde 2017, quando Michel Temer (MDB) era presidente – mas foi exonerado do cargo em janeiro de 2023.
Relembre o caso
Em 2021, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque tentou trazer ao Brasil, de forma irregular, joias com diamantes, dadas de presente por autoridades da Arábia Saudita. Mas foram retidas na Receita Federal por não terem sido declaradas.
Um ano depois, como mostrado pelo blog, Cid enviou um ofício para Julio Cesar Vieira Gomes, secretário-especial da Receita Federal, que pedia a liberação das joias apreendidas com uma comitiva do governo no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Vieira Gomes deu ordem por escrito para que funcionários do Fisco entregassem a um emissário do ex-presidente as joias apreendidas no Aeroporto de Guarulhos. Porém, a entrega não aconteceu, e as joias seguiram confiscadas.
Vale destacar que o valor das joias ultrapassam o que poderia ser considerado um presente personalíssimo. Ou seja, deveriam ficar no acervo da União e não com o ex-presidente.
Bolsonaro participou de telefonema sobre ofício para resgatar joias apreendidas, diz à PF ex-funcionário da Presidência
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