Thiago Antônio da Silva morreu durante abordagem da GCM, que investigava denúncia de consumo e tráfico de drogas. Família espera por justiça desde 2013. Thiago Antônio da Silva tinha 26 anos quando foi morto em abordagem da GCM em Barrinhas, SP
Reprodução/EPTV
Depois de dez anos, o ex-comandante da Guarda Civil William Américo Campanini, acusado de matar o soldador Thiago Antônio da Silva a tiros em uma abordagem da Guarda Civil Municipal (GCM) em Barrinha (SP), vai a júri popular nesta quarta-feira (13), às 10h, no Fórum de Sertãozinho (SP).
O crime aconteceu no dia 9 de setembro de 2013, no bairro Vila São José, onde Campanini e outros dois guardas estariam verificando uma denúncia de consumo e tráfico de drogas.
Advogado do ex-comandante, Rogério Miguel e Silva diz que Campanini nega que tenha matado o soldador. Ele responde o processo em liberdade.
“A defesa entende que não há provas da autoria e espera que os jurados entendam a tese defensiva e absolvam o Campanini”.
Silva foi baleado depois de se desentender com os GCMs durante a abordagem. Ele tinha 26 anos.
Prima da vítima e guarda civil na época do crime, Maria Helena Honório revela que a família vive, há dez anos, o luto da morte de Silva e o medo da impunidade. Ela também é testemunha no caso.
“A Justiça é muito falha pra gente, porque se passaram dez anos. Uma espera, uma angústia e agora, que vai acontecer, a gente nem sabe se a pessoa vai ser punida”.
Campanini nunca foi preso. À época, ele negou ter atirado, fato contestado por Maria Helena.
“A todo momento eu já sabia que tinha sido ele. Tinham dois GCMs na hora com ele. Eu liguei pra um deles e ele falou pra mim no telefone ‘o William deu um tiro na cabeça do seu primo’. No mesmo dia, na mesma hora, eu sabia que era ele”.
Maria Helena chegou a trabalhar com Campanini e revela que deixou a Guarda Civil logo após o crime.
“Pra mim foi um baque, acabou a minha vida profissional na Guarda Municipal. Porque, a partir do fato que ocorreu, eu pedi baixa”.
Excesso de agressividade e nova forma de trabalhar
Maria Helena conta que, quando trabalhou na Guarda Civil de Barrinha, o foco era segurança de patrimônio. Até que em 2012, quando William Campanini entrou na equipe, a função mudou.
“Quando eu trabalhava na Guarda Civil, a gente fazia só [segurança de] patrimônio. Até 2012 foi só patrimônio. Quando entrou o outro prefeito [Mituo Takahashi, o Katiá], ele trouxe o William pra cidade, que ele não era da cidade. Apresentou ele pra gente e mudou a forma da gente trabalhar. A gente começou a bater de frente com o crime, coisa que não era nossa função”.
Na época do crime, a Polícia Militar (PM) informou que, embora tivesse porte de arma, Campanini não poderia carregar um revólver consigo. Ele chegou a ser afastado da função.
O crime
O crime aconteceu embaixo de uma ponte no bairro Vila São José, às margens do Rio Mogi, onde Silva e os amigos estavam reunidos na tarde do dia 9 de setembro.
Na época, a Polícia Militar informou que a GCM foi acionada para verificar uma denúncia de tráfico de drogas no local.
Durante a abordagem, houve tumulto e os policiais militares, que estavam próximos ao local, ouviram os disparos. Um deles atingiu Silva.
Amigos do soldador disseram que os tiros foram dados por Campanini, que tinha registro de uma arma, mas não estava autorizado a utilizá-la em serviço. O suspeito foi afastado da função.
O comando da PM declarou, na época, que não era de competência da GCM fazer averiguações de tráfico de drogas.
Morte gerou revolta da população
A morte de Silva gerou revolta nos moradores da cidade, que depredaram prédios públicos por dois dias seguidos. A Prefeitura de Barrinha chegou a calcular prejuízo de R$ 1 milhão causados pelos atos de vandalismo.
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