Preso e condenado por tráfico de drogas, Leonardo Moraes Precioso, de 40 anos, revelou que o Instituto Recomeçar nasceu como um reflexo da sua própria história de vida. Com sede em São José do Rio Preto (SP), organização social já atendeu mais de 600 ex-detentos. Após 7 anos preso, Leonardo Moraes Precioso conduz ex-detentos de São José do Rio Preto ao mercado de trabalho
Leonardo Moraes Precioso /Arquivo pessoal
Com sede em São José do Rio Preto (SP), uma organização social que ajuda a reinserir egressos de penitenciárias ao mercado de trabalho figura entre os finalistas de um movimento que premia iniciativas inovadoras.
Ao g1, o empreendedor social Leonardo Moraes Precioso, de 40 anos, revelou que o Instituto Recomeçar nasceu como um reflexo da sua própria história de vida. Em 2008, ele foi preso, condenado a mais de sete anos de prisão e aprendeu a se reencontrar dentro da penitenciária.
“Parei de traficar drogas e fui traficar informação, esperança, mostrar que é possível, mostrar para o jovem, para não acontecer a mesma coisa que aconteceu na minha vida. Fui ser espelho de vida, de sobrevivência”, disse.
Após 7 anos preso, Leonardo Moraes Precioso conduz ex-detentos de São José do Rio Preto ao mercado de trabalho
Leonardo Moraes Precioso /Arquivo pessoal
A experiência longe do mundo do crime fez Leonardo ter a ideia de dar oportunidades a ex-detentos.
“Eu me envolvi na criminalidade e fiquei mais de sete anos preso. Foi nessa época que troquei cartas com o fundador da ONG Gerando Falcões e entrei na instituição como diretor de esportes. Criei um braço dentro da ONG”, lembra.
Em 2020, Leonardo formalizou o projeto próprio e voltou ao chão do pátio de uma penitenciária, mas, dessa vez, como palestrante.
Quinze anos após sair da prisão, empreendedor social ocupa a posição de diretor-executivo. Ele leva o desenvolvimento pessoal, social e profissional para diversas regiões de São Paulo, além de Brasília e Recife.
Após 7 anos preso, Leonardo Moraes Precioso conduz ex-detentos de São José do Rio Preto ao mercado de trabalho
Leonardo Moraes Precioso /Arquivo pessoal
Desde a fundação, o Instituto Recomeçar atendeu aproximadamente seis mil pessoas. Somente em Rio Preto, foram mais de 600.
Conforme Leonardo, o noroeste paulista tem um grande complexo penitenciário, com média de 10 mil egressos.
“Temos vários casos de sucesso, um exemplo sou eu. Queremos ser o braço amigo do público que um dia esteve em conflito com a Justiça, mas que hoje retomou, se reposicionou e precisa sobreviver em sociedade”, diz.
Leonardo Moraes Precioso é coordenador do Instituto Recomeçar, com sede em São José do Rio Preto
Leonardo Moraes Precioso /Arquivo pessoal
Após anos à frente das ações, Leonardo acredita que o Instituto Recomeçar possa ser o modelo de ressocialização no noroeste paulista, considerado um grande polo industrial e agrícola em todo estado.
“Considerando que, em média, Rio Preto tenha 400 mil habitantes, pelo menos 7% deles são pessoas egressas do sistema carcerário. É muita gente que podemos ajudar”, confirma.
Prêmio
Atualmente, o Instituto Recomeçar possui 31 colaboradores remunerados, entre todas as cidades em que possui sede. Segundo o empreendedor, o projeto investe mais de R$ 1 milhão em profissionais para tratar de ex-detentos, com ajuda de instituições parceiras.
Com o intuito de ampliar o espaço de atuação e se tornar uma política pública, Leonardo decidiu inscrever o projeto, no final do ano passado, no Prêmio do Movimento LED. Escolhido como finalista após o longo processo de entrevista, entre mais de 2 mil organizações, o Instituto Recomeçar busca moralizar o trabalho.
“Acreditamos que em até cinco anos estaremos em todos os estados brasileiros. Estamos criando uma plataforma digital de educação para levar conteúdo de qualidade aos egressos, que, muitas vezes, saem desacreditados, não sabem aonde buscar apoio”, revela.
Equipe do Instituto Recomeçar, com sede em São José do Rio Preto, busca moralizar o trabalho caso vençam o Prêmio LED
Leonardo Moraes Precioso /Arquivo pessoal
Conforme Leonardo, o diferencial da organização social é a metodologia e a forma de fazer gestão. Todos os ex-detentos são ensinados a se comportar em uma entrevista e a se colocar como protagonistas de suas vidas.
Caso vença o Prêmio LED, empreendedor social vai utilizar a experiência para superar dois desafios que ainda enfrenta: o ex-detento entender que o Instituto Recomeçar foi feito para ele, e o corporativo compreender que precisa dar emprego.
“De 500 pessoas que ajudamos, é comprovado que 99% permanecem em sociedade. Se todo mundo entender o intuito, 80% das pessoas saem do sistema carcerário. Nós ficamos incomodamos quando, em um dia, não conseguimos dar resultados. Estamos com a expectativa alta em relação ao prêmio porque vai fazer diferença, não só no financeiro, mas, principalmente, na visibilidade”, garante.
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