Comando Militar do Norte, que atua na Amazônia Oriental – 20% do território nacional, lançou neste mês de abril o Núcleo de Estudos Estratégicos. Centros de pesquisa reconhecidos, como Instituto Evandro Chagas e Museu Paraense Emílio Goeldi, são uns dos parceiros. Exército e instituições de pesquisa do Pará entram juntos na floresta amazônia para desenvolver pesquisas científicas.
Reprodução / Comando Militar do Norte
O Comando Militar do Norte, do Exército Brasileiro, lançou neste mês de abril o Núcleo de Estudos Estratégicos (NEE) firmando parcerias com instituições de ensino e pesquisa desenvolvidas na Amazônia. A atuação percorre a Amazônia Oriental – 20% do território nacional, nos estados do Pará, Amapá, Maranhão e parte norte do Tocantins.
As ações envolvem apoio aos trabalhos em pesquisas de cientistas do Instituto Evandro Chagas (IEC) e o Museu Emílio Goeldi, ambos reconhecidos nacionalmente.
O coronel Sérgio Rendeiro explica que as “instituições de ensino e pesquisa são um caminho para contribuir com o sucesso das operações” do próprio Exército.
“A troca de experiências entre militares e pesquisadores faz com que se amplie a nossa linha de ação a partir do conhecimento compartilhado sobre ambientes selváticos, por exemplo”.
Com sede em Belém, o CMN atua numa região rica em biodiversidade, com grande capacidade de produção de conhecimentos em temas voltados à ciência, segurança, ao desenvolvimento de pesquisas inovadoras. O olhar dessas atividades envolvem desenvolvimento sustentável, preservação da fauna e flora amazônica, assim como soluções para a humanidade.
Segundo o Exército, o NEE é destinado a fomento de iniciativas que contribuam com pesquisas científicas, mas também visando áreas de segurança, defesa e desenvolvimento regional, abordando temas como:
‘Economia de Defesa na Região Amazônica’;
‘Conflitos Armados e Terrorismo na Pan Amazônia’,
‘Ameaças e Vocações Estratégicas’.
Núcleo envolve militares e pesquisadores diante da imensa biodiversidade amazônica.
Reprodução / Comando Militar do Norte
Biologia e medicina tropical
Um dos parceiros no Núcleo, o IEC desenvolve estudos e pesquisas nas áreas de ciências biológicas e medicina tropical, com reconhecimento nacional e internacional.
Giselle Rachid, assessora técnica científica da direção do IEC e pesquisadora em saúde pública, afirma que o Exército “pode, a título de exemplo, apoiar as pesquisas tanto na organização e planejamento da logística no campo, em especial nas áreas de fronteiras, bem como no auxílio às ações de saúde”.
“Neste sentido, os projetos com foco na saúde global, estratégia one health (saúde única) e medicina do viajante e migrante, com foco nas ações de prontidão, prevenção, vigilância e respostas oportunas, alertas epidemiológicos e gerenciamento de emergências em saúde pública apresentam importante aderência aos objetivos estabelecidos”.
Em contrapartida, em qualquer operação militar em área de selva, dentre os desafios estão as doenças tropicais como malária, doença de chagas, dengue, Leishmaniose, parasitoses intestinais, além das doenças de pele como escabioses e Erisipela. Todas doenças típicas que podem acometer a tropa durante longas operações na floresta Amazônica.
“A gente precisa conhecer melhor o ambiente que a tropa atua, as áreas endêmicas e como devemos evitar certas áreas. Temos que entender melhor que tipo de profilaxia é necessária para entrar no ambiente operacional. A interação com o IEC favorece e facilita o planejamento detalhado das operações”, comenta o coronel Rendeiro.
Expedições
As expedições científicas são essenciais na produção de conhecimento, segundo os pesquisadores, pois não há descoberta sem imersão na floresta para observar espécies, fotografar, coletar dados e gerar relatórios.
Nilson Gabas Junior, diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil, e também parceira núcleo montado pelo CMN, relembra expedições realizadas com o apoio do Exército, onde militares contribuíram para facilitar o acesso à Floresta Nacional de Altamira – Parque Nacional do Jamanxim e no Parque Nacional da Serra do Pargo, na região Terra do Meio, no Pará.
Ele aponta que o resultado foi mais de 900 espécies de fauna e flora catalogadas na região. “Muito se fala, mas pouco se sabe sobre a Amazônia. Com a ajuda dos militares nos auxiliando, provendo infraestrutura adequada, capacidades e capacitação específicas para nos ajudar na logística, tem sido fundamental para gente levar pesquisadores aonde tem vazio de conhecimento e descobrir o que existe lá”, destaca.
Contato com comunidades tradicionais
Um outro viés no projeto que envolve as expedições e operações na Amazônia está o contato com comunidades tradicionais.
O CMN informa que está presente em áreas de fronteira com outros países, territórios de difícil acesso e com a presença de povos tradicionais, como indígenas.
Um caso é o do Pelotão Especial de Fronteira de Tiriós, que fica na localidade no estremo norte do Pará, na fronteira com Guiana Francesa e Suriname. A área não pode ser por terra, já que é área isolada, cercada por floresta. O único meio é o aéreo.
“Além do conhecimento compartilhado, temos essas particularidades de áreas onde vivem indígenas, comunidades tradicionais, entre outros aspectos que podem ser decisivos em operações militares e expedições científicas”, conclui o coronel.
Comando Militar do Norte, sediado em Belém, lança Núcleo de Estudos Estratégicos (NEE).
Reprodução / Comando Militar do Norte
Exército e instituições de pesquisa do PA firmam parceria para pesquisas científicas dentro da floresta amazônica
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