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Mãe de entregador que apanhou com guia de coleira diz ter passado mal ao ver imagens: ‘Somos negros, mas temos direitos’


Adriana de Souza Alves, a mãe de Max Angelo dos Santos, trabalhador agredido por moradora de São Conrado, esteve nesta quarta-feira (12) na 15ª DP (Gávea) para acompanhar o filho. Entregador que apanhou com guia de coleira chega para depor em delegacia
Adriana de Souza Alves, a mãe de Max Angelo dos Santos, o entregador agredido pela nutricionista e professora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá, na tarde de domingo (9), contou nesta quarta-feira (12) que passou mal ao ver as imagens do filho apanhando com uma guia de cachorro, em São Conrado, na Zona Sul do Rio.
Ela esteve nesta quarta-feira (12) na 15ª DP (Gávea) junto com o filho, que foi ouvido pelos investigadores do caso.
“Eu fui saber disso na segunda-feira de madrugada. E foi bom eu não ter presenciado isso que aconteceu com meus filhos. (…) Olha eu comecei a tremer, a chorar, fiquei preocupada. Eu fui na casa dele de madrugada quando eu vi o vídeo. Mas infelizmente eu comecei a passar mal”, contou Adriana.
“Nós somos negros, mas nós temos o direito de ir e vir para qualquer lugar. Nós somos trabalhadores, não somos bandidos nem ladrão”, falou Adriana.
Adriana de Souza Alves (de camisa vermelha) é mãe de Max Angelo dos Santos, trabalhador agredido por moradora de São Conrado
Rafael Nascimento g1 Rio
A mãe de Max ficou revoltada com a atitude de Sandra e questionou os motivos dela para agredir alguém que estava trabalhando.
“Eu vi aquilo e não tenho palavras para descrever a atitude dessa senhora. Ela não pode tratar um ser humano desse jeito. Porque ela é rica, tem dinheiro? E ai? Ela tem dinheiro, a gente não tem, mas somos felizes. A gente come, bebe, ninguém mora na rua, ninguém passa fome, ninguém rouba e ninguém trafica”, acrescentou.
Max Angelo é morador da Rocinha e trabalha na informalidade como entregador há um ano e meio, desde quando perdeu emprego de carteira assinada. Ele contou que chega a pedalar 18 horas por dia durante as entregas.
O entregador Max Angelo dos Santos mostra marcas da agressão
Reprodução/TV Globo
Adriana lembrou que trabalhou a vida toda para criar seus filhos sozinha e que nunca deixou faltar nada para eles.
“Eu nunca coloquei meus filhos em sinal pra pedir dinheiro (…) Eu fui cabeleireira, lavei roupa pra fora, fui a primeira mulher a trabalhar em obra para criar meus filhos. Meu filho sempre foi trabalhador, é pai de família, tem três filhos. Ai você imagina os filhos dele vendo uma cena dessa na televisão”, disse Adriana.
Questionada se poderia perdoar a atitude da professora de vôlei, Adriana disse que “quem perdoa é Deus”. Para ela, Sandra Mathias deveria refletir sobre a vida dela. Sobre o racismo, Adriana comentou que esperava que não existisse mais.
“Eu acho que isso já não deveria mais existir (racismo). E não é só com o meu filho que é classe média baixa, não. Isso aconteceu com aquele jogador que foi chamado de macaco. Não tem limite”
“Só quem perdoa é Deus. Eu só acho que essa mulher tinha que parar um pouco e refletir na vida dela, completou Adriana.
Exames confirmaram lesão
Após ser agredido, Max prestou depoimento e passou por exames no Instituto Médico Legal, que confirmaram as lesões em seu corpo.
No último domingo, além de agredir Max, Sandra também discutiu com a entregadora Viviane Maria de Souza e mordeu sua perna enquanto ela se pendurava em uma grade.
Sandra discutindo e mordendo a entregadora Viviane
Reprodução
Depoimento de ex-atleta é adiado
O depoimento de Sandra foi adiado nesta quarta após a defesa apresentar um atestado dizendo que Sandra “tem várias lesões”.
“Ela está com várias lesões”, disse o advogado Roberto Duarte Butter. Perguntado sobre a linha de defesa, declarou: “Vocês vão se surpreender”.
A defesa de Max frisou ainda que, apesar de ser agredido, o entregador não revidou.
“Não houve agressão por parte do meu cliente, mesmo ela o agredindo fisicamente e verbalmente. Ele poderia estar acobertado por legítima defesa. Ela pode ter caído e se machucado, já que o vídeo mostra ela caindo”, disse Joab Gama.
A delegada Bianca Lima, titular da distrital, disse ainda não haver nova data para que Sandra preste depoimento.
A polícia investiga dois eventos: um no dia 4 e outro no dia 9. Em relação à primeira, a polícia não descarta mudar a capitulação de injúria simples para injúria racial.
Quem é Sandra Mathias, mulher que agrediu entregadores no Rio
O incidente de domingo
Polícia investiga se entregador foi vítima de injúria e lesão corporal em São Conrado
Todas as agressões ocorreram na Estrada da Gávea, em frente a uma base de uma plataforma de entrega. O prédio de Sandra fica na mesma calçada. Há um posto de gasolina e uma saída do metrô nas proximidades.
Max conta que na terça-feira passada (4) Sandra já tinha xingado os profissionais porque eles estariam trafegando pela calçada.
No domingo, ao passear com um cachorro, Sandra primeiro cospe na direção dos motoboys. Na volta, começa a discutir com a entregadora Viviane Maria de Souza.
Sandra parte para as agressões e morde a perna de Viviane. A entregadora não revida e tenta se desvencilhar de Sandra, agarrando-se a uma grade.
“Ela me xingou de lixo, de favela, de um monte de coisa. Nome feio… E chamando para briga, e eu não queria brigar. Eu falei: ‘Eu não quero brigar, eu vou correr, sim, porque eu não quero brigar’. Porque, se eu fosse a mais, eu ia acabar machucando ela”, narrou a profissional.
Viviane consegue escapar, e Sandra passa a mirar em Max. Ela puxa a camisa dele e acerta um soco na cabeça. Ele momentaneamente se afasta. Sandra solta a guia da coleira do cachorro e avança contra Max, chicoteando-o. Ele se esquiva de um golpe, mas acaba ferido.

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