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Dentista do interior de SP relata experiência como voluntária em reserva indígena no Amazonas: ‘Adeus dolorido’


Dafne Baldoino Momberg Moraes, de Sorocaba (SP), participou de projeto que seleciona universitários e profissionais de diversas áreas para auxiliarem populações indígenas em Manaus (AM). Dentista de Sorocaba (SP) atuou como voluntária em reserva indígena no Amazonas
Arquivo pessoal
Nem todo mundo sabe, mas cuidar da saúde bucal é imprescindível para evitar doenças que podem levar à morte. Por isso, em Sorocaba (SP), o mês de abril é dedicado a conscientizar as pessoas quanto à importância da higiene oral.
Este também é o objetivo da cirurgiã dentista Dafne Baldoino Momberg Moraes, de 24 anos, que passou uma semana em Manaus (AM) participando de uma missão que leva ações de saúde e qualidade de vida a populações indígenas, cujo dia é celebrado nesta quarta-feira (19).
O projeto, destinado a universitários de diferentes áreas, é promovido desde 2012 pela Associação Humanitária Universitários em Defesa da Vida (Univida), fundada pela Diocese de Jales (SP). Além do Amazonas, a reserva indígena de Dourados (MS) também recebe os voluntários, que atuam sob supervisão de profissionais.
Na época em que participou da missão, entre os dias 10 e 16 de janeiro deste ano, Dafne havia acabado de se formar na faculdade e ainda não tinha o registro do Conselho Regional de Odontologia (CRO), sendo considerada universitária até o momento.
“Conheci a Univida pelas redes sociais e, desde então, foi uma meta minha ir para ajudar, mas sempre foi muito concorrido. Quando abriram o edital e as inscrições, eu imediatamente preenchi os formulários, pedi a carta de recomendação da faculdade e esperei sair a lista de selecionados. Para a minha felicidade, meu nome estava lá”, conta.
Missão foi realizada entre os dias 10 e 16 de janeiro deste ano
Arquivo pessoal
Saúde, informação, alegria e amor
A dentista, que já havia feito outros trabalhos voluntários na região de Sorocaba e em Minas Gerais anteriormente, chegou a Manaus alguns dias antes do início da missão para conhecer a cidade, a culinária, os costumes e a cultura local. Em seguida, se dirigiu para a comunidade de Santo Antônio de Mucajá.
Além dela, 93 pessoas participaram da ação no Amazonas, sendo outras quatro também de Sorocaba e da mesma faculdade que ela. Eram universitários e profissionais de diversas áreas, como dentistas, médicos, veterinários, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos e enfermeiros.
O grupo foi recepcionado com missas, músicas religiosas, comidas e danças. Além disso, ao longo da estadia, as crianças da comunidade presentearam os voluntários com imãs de madeira, doces regionais, colares e cumbucas pintadas à mão.
“Nós fomos divididos em três equipes. A cada dia uma equipe era escalada para ficar na cozinha e limpeza e as outras duas ficavam nos atendimentos à população. Todos os profissionais atuam como e com o que podem, dentro das suas realidades, sempre fazendo o seu melhor para levar saúde, informação, alegria e amor para eles”, relata.
Além de Dafne, 93 pessoas participaram da ação no Amazonas
Arquivo pessoal
Os dentistas fizeram serviços como remoção de cálculo dentário, aplicação de flúor, remoção de cárie, restauração, instrução de higiene oral, distribuição de kits de higiene oral e exodontias. Os atendimentos começavam de manhã e seguiam até 16h para que os voluntários pudessem tomar banho e participar das missas à noite.
“No final da tarde, tomávamos banho no rio, cada grupo junto com o seu. No primeiro dia, tomamos banho com os botos pulando no fundo do rio. Foi maravilhoso, uma experiência linda. Quase morri de amor, pois eles são muito receptivos e amorosos”, continua.
“Também passeamos pela comunidade e fomos recebidos super bem pelos moradores em suas casas. Eles nos apresentaram as frutas da região, comemos cacau e coco direto do pé, vimos a produção de farinha de mandioca e de tapioca, comemos banana ceará, cupuaçu, rambutã, vimos pé de guaraná e outros frutos.”
Fora da zona de conforto
Apesar da experiência positiva, Dafne comenta que foi necessário enfrentar alguns “perrengues” durante a missão, que começou com uma viagem de barco de 30 horas para conseguir chegar à comunidade.
Os voluntários também precisaram lidar com o clima quente (muito mais do que em Sorocaba!), a escassez de água potável e a falta de energia em alguns dias, o que fazia com que tivessem que andar com lanternas à noite.
Crianças da comunidade presentearam os voluntários durante a estadia
Arquivo pessoal
Como não havia sinal de internet na comunidade, o grupo ainda ficou incomunicável. O único local que possuía Wi-Fi era a Unidade Básica de Saúde (UBS). Por isso, uma pessoa da ONG ficou responsável por comunicar os familiares dos voluntários sobre como estava funcionando o trabalho, além de compartilhar as fotos nas redes sociais.
“Nós atendíamos ao ar livre e dependíamos total do clima. Em um dia, no meio do atendimento começou uma chuva bem forte e passageira. Eu já estava finalizando o atendimento, então alguns colegas pegaram uma lona e ficaram com ela estendida em cima de mim e da paciente para que eu conseguisse concluir. Tivemos algumas dificuldades, mas solucionáveis e com todos sempre se ajudando.”
“Já fomos cientes de que sairíamos da nossa zona de conforto e nos adaptaríamos com o que encontrássemos. O padre Eduardo, que é o criador do projeto, foi até a comunidade alguns meses antes para conhecer e conversar com os responsáveis. Portanto, já sabíamos onde iríamos ficar e como seriam os dias por lá”, conta.
Lição de vida
Participar da missão na Amazônia foi a realização de um sonho para Dafne, que saiu da comunidade se sentindo feliz e realizada após a missão.
“Não queria que o último dia chegasse nunca. A comunidade sempre foi muito amorosa e grata por tudo, esses dias foram os suficientes para a gente criar uma conexão com eles surreal. O nosso adeus foi bem dolorido.”
Agora, Dafne pretende participar de outros projetos em diferentes estados do Brasil
Arquivo pessoal
Mais do que profissional, a dentista reforça que também evoluiu como pessoa durante os dias que passou em Manaus: “voltei mais grata por tudo. Infelizmente sempre temos a mania de reclamar de boca cheia, e lá eu pude ver eles tão felizes com tão pouco, realmente foi uma lição na minha vida. Gratidão! Quero ser grata por tudo e reclamar menos”.
“Toda essa experiência para mim foi incrível. Aproveitei cada minuto, me doei bastante e, em troca, recebi um carinho indescritível da população, não tem nada no mundo que pague esse sentimento. Sinto que eu me encontrei fazendo trabalhos sociais”, continua.
Prova disso é que, agora, Dafne pretende participar de outros projetos em diferentes estados do Brasil pelo menos duas vezes por ano. “Enquanto isso, pretendo ajudar outros aqui da região. Mas meu sonho desde criança é ir a um projeto na África. Cada experiência é única e me dá vontade de não parar de fazer ações”, completa.
Participar da missão na Amazônia foi a realização de um sonho para Dafne
Arquivo pessoal
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