
Segundo os pais, coordena\u00e7\u00e3o pediu para que o aluno, de 4 anos, fosse retirado da institui\u00e7\u00e3o e alegou que os funcion\u00e1rios “n\u00e3o sabiam como agir” com ele. Menino foi diagnosticado com s\u00edndrome de Shashi-Pena, uma doen\u00e7a neurol\u00f3gica caracterizada por altera\u00e7\u00f5es faciais, atraso no desenvolvimento psicomotor e defici\u00eancia intelectual. Pais de crian\u00e7a com doen\u00e7a neurol\u00f3gica denunciam capacitismo em escola de Itatiba: ‘Inaceit\u00e1vel’
\nArquivo pessoal
\nOs pais de uma crian\u00e7a, de quatro anos, que tem uma doen\u00e7a neurol\u00f3gica, denunciaram uma escola particular de Itatiba (SP) por capacitismo. Segundo eles, a coordena\u00e7\u00e3o pediu para que o aluno fosse retirado da institui\u00e7\u00e3o e alegou que os funcion\u00e1rios “n\u00e3o sabiam como agir” com ele. O caso aconteceu no dia 14 de mar\u00e7o, mas as informa\u00e7\u00f5es foram divulgadas neste s\u00e1bado (5).
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\nAo g1, os pais explicaram que o menino foi diagnosticado com a s\u00edndrome de Shashi-Pena, uma doen\u00e7a neurol\u00f3gica caracterizada por altera\u00e7\u00f5es faciais, atraso no desenvolvimento psicomotor e defici\u00eancia intelectual. De acordo com eles, o tratamento do menino \u00e9 semelhante \u00e0 terapia utilizada para pessoas autistas.
\n“A doen\u00e7a n\u00e3o interfere em nada na sa\u00fade dele, ele n\u00e3o precisa de nenhum aparelho e n\u00e3o toma rem\u00e9dio algum. A doen\u00e7a ataca somente o cognitivo. Meu filho vai fazer cinco anos, mas tem idade cognitiva de dois aninhos, por isso que, no fim, ele tem um atraso”, conta a m\u00e3e, que preferiu n\u00e3o se identificar.
\nA escola afirma que muitos dos alunos requerem cuidados especiais e que todos recebem atendimento individualizado, e que os educadores passam por treinamentos e avalia\u00e7\u00f5es internas constantes (veja mais detalhes abaixo).
\nDe acordo com a m\u00e3e do aluno, a escola marcou uma reuni\u00e3o no dia 14 de mar\u00e7o e, durante o encontro, pediu para que os pais retirassem o aluno da institui\u00e7\u00e3o. Como justificativa, a unidade alegou que o comportamento supostamente agressivo da crian\u00e7a estava abalando o psicol\u00f3gico dos funcion\u00e1rios e dos pais dos outros alunos, informou a fam\u00edlia.
\n“A coordena\u00e7\u00e3o n\u00e3o me chamou para uma solu\u00e7\u00e3o, apenas me chamou para dizer o seguinte: ‘Eu n\u00e3o tenho o que fazer, eu n\u00e3o sei como agir, n\u00e3o tenho auxiliar que consiga ficar com seu filho, e eu n\u00e3o vou contratar uma pessoa especialista para ele. Por isso eu quero que voc\u00ea retire o menino da escola’. Isso \u00e9 inaceit\u00e1vel”, relata.
\nEm determinado momento da reuni\u00e3o, a m\u00e3e tamb\u00e9m alega que a coordena\u00e7\u00e3o chegou a dizer que: “Sabemos que estamos contra a lei, mas duvidamos que voc\u00eas encontrem uma vaga. Ele n\u00e3o \u00e9 um aluno regular e nem um aluno de inclus\u00e3o, e o mundo n\u00e3o gira em torno dele”.
\n“A escola tamb\u00e9m culpou meu filho pelo abalo psicol\u00f3gico dos auxiliares, dos professores e dos alunos. S\u00f3 que, assim que matriculei meu filho na escola, criei um grupo com os pais dos outros alunos e expliquei sobre a doen\u00e7a dele. Na \u00e9poca, eu pedi desculpas de antem\u00e3o, e todos os pais me acolheram. A prova disso \u00e9 que, toda vez, meu filho \u00e9 convidado para as festinhas dos colegas de sala”, complementa.
\nEntenda o que \u00e9 capacitismo
\nAp\u00f3s a reuni\u00e3o, a m\u00e3e disse que enviou uma mensagem no grupo dos pais perguntando sobre a alega\u00e7\u00e3o da coordena\u00e7\u00e3o. “Eu enviei mensagem pedindo desculpas a todos os pais. S\u00f3 que eles n\u00e3o reclamaram, apenas disseram coisas como: ‘Eu estou preocupada com essa conduta da escola. Como que pode excluir uma crian\u00e7a?’. Todos os pais me apoiaram e me abra\u00e7aram”, diz.
\nSendo uma crian\u00e7a com dificuldades cognitivas e at\u00e9 mesmo com atraso na comunica\u00e7\u00e3o, a m\u00e3e explica que o menino costuma ficar irritado quando tenta se expressar, mas ningu\u00e9m o compreende. No entanto, ela afirma que o quadro cl\u00ednico da crian\u00e7a apresentou uma pequena melhora e que, aos poucos, ele est\u00e1 conseguindo formar palavras.
\n“Ele n\u00e3o consegue explicar o que quer, mas meu filho n\u00e3o \u00e9 uma crian\u00e7a agressiva, ele \u00e9 carinhoso e amoroso. Meu filho s\u00f3 fica bravo quando realmente n\u00e3o conseguem compreender ele. Por exemplo: se ele quer \u00e1gua, mas recebe leite. Se ele quer dormir, mas \u00e9 obrigado a assistir televis\u00e3o. Dessa forma, ele pode beliscar e puxar o cabelo das pessoas. Ele tamb\u00e9m costuma fazer birra, igual uma crian\u00e7a de dois aninhos”, relata.
\nO que diz o terapeuta
\nDesde mar\u00e7o de 2024, a crian\u00e7a \u00e9 acompanhada por um terapeuta especializado, que tamb\u00e9m preferiu n\u00e3o ser identificado. Ao g1, o especialista contou que acompanhou a m\u00e3e na reuni\u00e3o e que a escola tamb\u00e9m se desculpou e admitiu n\u00e3o ter estrutura para atender o menino.
\n“Eles mencionaram que sentiam estar enganando a m\u00e3e da crian\u00e7a. No entanto, esclarecemos que a principal dificuldade n\u00e3o era a estrutura f\u00edsica da escola, mas sim a rotatividade dos profissionais e a falta de forma\u00e7\u00e3o adequada dos auxiliares de sala, que, no caso, eram estagi\u00e1rios. O diretor, por sua vez, explicou que os contratos da escola seguem um modelo padr\u00e3o de est\u00e1gio e que, conforme a legisla\u00e7\u00e3o vigente, \u00e9 exigida a presen\u00e7a de um auxiliar, sem especifica\u00e7\u00f5es detalhadas sobre sua qualifica\u00e7\u00e3o”, diz.
\n“A crian\u00e7a oferece resist\u00eancia em seguir comandos verbais, principalmente quando frustrado. \u00c9 por isso que, foram recomendadas estrat\u00e9gias como ajustes na entona\u00e7\u00e3o ao passar comandos e uso de refor\u00e7o para incentivar comportamentos desej\u00e1veis. No entanto, a frequente substitui\u00e7\u00e3o dos auxiliares de sala pode ter impactado a adapta\u00e7\u00e3o dele. A falta de continuidade dificulta a cria\u00e7\u00e3o de v\u00ednculos e a consist\u00eancia na aplica\u00e7\u00e3o das estrat\u00e9gias de manejo”, diz.
\nAo final da reuni\u00e3o, a coordena\u00e7\u00e3o refor\u00e7ou a recomenda\u00e7\u00e3o para que a crian\u00e7a fosse transferida para outra institui\u00e7\u00e3o, segundo o terapeuta. Al\u00e9m disso, foi solicitado um relat\u00f3rio detalhando todos os aspectos da escola. Por\u00e9m, at\u00e9 a \u00faltima atualiza\u00e7\u00e3o desta reportagem, o profissional conta que a documenta\u00e7\u00e3o n\u00e3o foi entregue.
\n“Solicitamos um relat\u00f3rio detalhado especificando quais aspectos estruturais, materiais e adapta\u00e7\u00f5es necess\u00e1rias n\u00e3o estavam dispon\u00edveis na escola, para que a m\u00e3e pudesse buscar uma institui\u00e7\u00e3o mais adequada. A escola se comprometeu a fornecer esse documento, mas, at\u00e9 o momento, ele n\u00e3o foi entregue”, revela.
\nO que diz a escola
\nEm nota ao g1, a escola disse que h\u00e1 muitos alunos matriculados que necessitam de cuidados especiais. Diante disso, ressaltou que todos esses estudantes est\u00e3o sendo atendidos conforme os padr\u00f5es exigidos pela legisla\u00e7\u00e3o, com acompanhamento individualizado e respeito \u00e0s suas particularidades.
\nA institui\u00e7\u00e3o de ensino afirmou ainda que os educadores passam por treinamentos e avalia\u00e7\u00f5es internas constantes. Al\u00e9m disso, destacou que a rela\u00e7\u00e3o com as crian\u00e7as e seus respons\u00e1veis \u00e9 pautada pelo respeito, aten\u00e7\u00e3o e empatia. Por isso, os funcion\u00e1rios seguem todas as determina\u00e7\u00f5es legais, especialmente as voltadas \u00e0 inclus\u00e3o dos estudantes.
\nEm rela\u00e7\u00e3o ao caso denunciado, a escola alegou que, por envolver uma crian\u00e7a, a legisla\u00e7\u00e3o exige sigilo sobre os detalhes da queixa apresentada pelos pais. O col\u00e9gio ainda afirma que est\u00e1 lidando com a situa\u00e7\u00e3o e fornecer\u00e1 todas as informa\u00e7\u00f5es necess\u00e1rias \u00e0s autoridades competentes. Por fim, a institui\u00e7\u00e3o refor\u00e7a que todos os seus profissionais repudiam qualquer tipo de discrimina\u00e7\u00e3o ou preconceito.
\nCaso foi registrado na delegacia de Itatiba (SP)
\nGoogle Maps\/Reprodu\u00e7\u00e3o
\n*Colaborou sob supervis\u00e3o de J\u00falia Martins
\nVeja mais not\u00edcias da regi\u00e3o no g1 Sorocaba e Jundia\u00ed
\nV\u00cdDEOS: assista \u00e0s reportagens da TV TEM<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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