Muitas escolas n\u00e3o possuem profissionais qualificados para trabalhar com pessoas com TEA. Dia Mundial de Conscientiza\u00e7\u00e3o Sobre o Autismo \u00e9 uma data para informar e diminuir o preconceito.
\nL\u00e9a Karla\/Arquivo Pessoal
\nUm mundo melhor. Esse costuma ser um desejo comum entre a maioria do pais que, ao ter os seus filhos, sonham. Mas o que fazer quando a aceita\u00e7\u00e3o, o carinho e o acolhimento, que costumam ser caracter\u00edsticas desse lugar almejado, d\u00e3o lugar \u00e0s frustra\u00e7\u00f5es, \u00e0 falta de empatia e, em muitos casos, ao preconceito?
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\nSeja na hora da matr\u00edcula, com tentativas frustradas de conseguir uma educa\u00e7\u00e3o de qualidade para crian\u00e7as at\u00edpicas, ou nas salas de aula, com a falta de apoio aos alunos autistas, o preconceito e discrimina\u00e7\u00e3o s\u00e3o presentes e frequentes nas escolas. E o problema n\u00e3o para por a\u00ed, as pr\u00e1ticas disseminadas atrav\u00e9s de sussurros, bullying e estere\u00f3tipos s\u00e3o s\u00f3 parte dos desafios enfrentados por quem tem esse transtorno.
\nO Transtorno do Espectro Autista (TEA) \u00e9 caracterizado por d\u00e9ficit de comunica\u00e7\u00e3o social e comportamento, mas n\u00e3o impossibilita quando h\u00e1 acessibilidade e inclus\u00e3o. Nessa quarta-feira, (2) \u00e9 celebrado o Dia Mundial de Conscientiza\u00e7\u00e3o do Autismo, para informar e diminuir o preconceito contra os portadores do TEA.
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\nCresce a cada ano o n\u00famero de estudantes autistas matriculados em institui\u00e7\u00f5es de ensino b\u00e1sico, mas os desafios enfrentados por eles e pelos pais na busca de uma escola inclusiva com educa\u00e7\u00e3o de qualidade e empatia est\u00e1 longe de acabar. A lei N\u00ba 12.164, de 2012, assegura o direito a um acompanhante especializado aos alunos que relatarem necessidade, mas a inclus\u00e3o ainda \u00e9 um longo caminho para ser constru\u00eddo.
\n\u201cNa verdade pode-se afirmar que algumas escolas tentam ou se dizem ser inclusivas, no que diz respeito a escolas regulares. Mas a inclus\u00e3o de fato ocorre mais por parte dos colegas de turma, de alguns professores e profissionais que tentam acolher, se preocupam com as necessidades, tem empatia. A escola como um todo deixa muito a desejar no que diz a lei.\u201d diz Ad\u00e9lia Vertano, m\u00e3e e professora de crian\u00e7as autistas.
\nEnsino para crian\u00e7as com TEA deve ser individualizado, flex\u00edvel e baseado em suas necessidades, interesses e pontos fortes espec\u00edficos.
\nL\u00e9a Karla
\nO g1 entrevistou um estudante autista, que ser\u00e1 chamado de Marcos, para preserv\u00e1-lo. Ele conta que o desafio mais dif\u00edcil \u00e9 o preconceito e a desinforma\u00e7\u00e3o de n\u00e3o saber como lidar com alunos do TEA.
\n\u201cSempre enfrentei muito preconceito na vida escolar de professores que n\u00e3o sabiam as caracter\u00edsticas do meu transtorno. Hoje estou na universidade, e continuo sofrendo agress\u00f5es de quem deveria me ajudar [comunidade acad\u00eamica] quando entro em crise\u201d, diz ele.
\nA realidade do ensino p\u00fablico x particular
\nPsic\u00f3logos e profissionais da educa\u00e7\u00e3o afirmam que as abordagens de ensino para alunos autistas devem ser adaptadas para atender as necessidades individuais. Al\u00e9m disso, dizem que todas as escolas devem promover acessibilidade, quando a inclus\u00e3o da pessoa autista na rotina escolar feita de forma correta \u00e9 ben\u00e9fica para a socializa\u00e7\u00e3o, autonomia e aprendizagem acad\u00eamica.
\nNo entanto, a situa\u00e7\u00e3o das crian\u00e7as autistas \u00e9 semelhante em ambas as redes de ensino: s\u00f3 se consegue suporte por meio de a\u00e7\u00f5es judiciais, ou muitas idas e vindas em secretarias de educa\u00e7\u00e3o e reclama\u00e7\u00f5es p\u00fablicas.
\n“Embora a legisla\u00e7\u00e3o brasileira e as iniciativas em Alagoas garantam os direitos dos alunos com defici\u00eancia ao acompanhamento e m\u00e9todos adaptados, a implementa\u00e7\u00e3o efetiva ainda enfrenta diversos desafios. \u00c9 importante ressaltar que existem profissionais dedicados e escolas que se esfor\u00e7am para promover a inclus\u00e3o, mas ainda h\u00e1 um longo caminho a percorrer para garantir que todos os alunos com defici\u00eancia no estado tenham seus direitos plenamente atendidos e recebam uma educa\u00e7\u00e3o de qualidade e inclusiva”, disse L\u00e9a Karla, psicopedagoga.
\nO g1 constatou que os principais problemas das escolas de Macei\u00f3 no tocante a crian\u00e7as com TEA s\u00e3o:
\nPreparo profissional insuficiente para auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos (dentro da sala de aula);
\nFalhas na comunica\u00e7\u00e3o entre pais e comunidade escolar;
\nFalta de profissionais para acompanhamento, como psicopedagogos;
\nFalta de atividades de est\u00edmulo adaptadas;
\nPreconceito de pais de outros alunos;
\nDificuldades de infraestrutura;
\nNecessidade de aprimorar as pr\u00e1ticas pedag\u00f3gicas inclusivas
\nCrian\u00e7as com TEA precisam de um ambiente f\u00edsico acess\u00edvel que permita sua locomo\u00e7\u00e3o e participa\u00e7\u00e3o em todas as \u00e1reas da escola.
\nL\u00e9a Karla
\nNo in\u00edcio do ano, pais e m\u00e3es protestaram contra uma portaria da Secretaria de Educa\u00e7\u00e3o do Munic\u00edpio (SEMED) que limitava o n\u00famero de profissionais acompanhantes de alunos at\u00edpicos nas escolas de Macei\u00f3, como foi mostrada na reportagem do AL2.
\nA realidade n\u00e3o \u00e9 muito diferente da rede privada. Das sete escolas entrevistas pelo g1, apenas tr\u00eas disseram ter profissionais preparados e estruturas adaptadas ao ensino. Uma delas, no bairro da Ponta Verde, \u00e9 a \u00fanica do estado com m\u00f3dulos adaptados para autistas e um centro de terapia multidisciplinar, com fonoaudi\u00f3logos e fisioterapia.
\n“Para termos, de fato, uma educa\u00e7\u00e3o de qualidade e inclus\u00e3o, precisamos de um trip\u00e9 formado por pessoas para acompanhar e capacitar, metodologias, porque para ensinar pessoas com autismo precisa de metodologias de ensino que foram desenvolvidas para elas, e recursos educacionais adaptados, como jogos educativos. E, claro, al\u00e9m disso, essas crian\u00e7as tamb\u00e9m precisam de amor, acolhimento e empatia”, disse M\u00f4nica Ximenes, presidente da associa\u00e7\u00e3o de Amigos do Autista (AMA).
\nSobre as medidas inclusivas, a SEMED afirmou que conta com 114 Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), que oferecem atendimento educacional especializado para alunos com transtornos, altas habilidades ou superdota\u00e7\u00e3o. Essas salas trabalham a acessibilidade e a inclus\u00e3o, funcionando como um apoio de refor\u00e7o, com atividades espec\u00edficas para que os alunos possam se desenvolver dentro delas, incluindo a coordena\u00e7\u00e3o motora e habilidades cognitivas.
\nJ\u00e1 a Secretaria de Estado de Educa\u00e7\u00e3o de Alagoas (SEDUC-AL), afirmou que as escolas da rede estadual tamb\u00e9m s\u00e3o orientadas a identificar e acolher estudantes com TEA em qualquer per\u00edodo do ano letivo. Esse processo \u00e9 conduzido pelos professores da sala comum e que contam com o apoio das equipes pedag\u00f3gicas e dos docentes da Educa\u00e7\u00e3o Especial.
\nAssocia\u00e7\u00e3o de Amigos do Autista (AMA).
\nDivulga\u00e7\u00e3o\/AMA-AL
\nOnde buscar ajuda
\nEm Alagoas, a Associa\u00e7\u00e3o de Amigos do Autista (AMA) fornece tratamento multidisciplinar para crian\u00e7as e adolescentes do TEA, com psic\u00f3logos, pedagogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudi\u00f3logas e professores de educa\u00e7\u00e3o f\u00edsica.
\n“Uma rede de apoio \u00e9 muito importante nesse processo. Eu, por exemplo, tenho um filho de suporte n\u00edvel 3, ent\u00e3o \u00e9 preciso aten\u00e7\u00e3o constante, e isso tudo enquanto trabalho tamb\u00e9m. O trabalho que a AMA faz \u00e9 justamente acolher e orientar esses pais que precisam de ajuda”, disse M\u00f4nica.
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