At\u00e9 2017, a unidade era considerada a \u00fanica pris\u00e3o para estrangeiros no Brasil. Atualmente, segundo a Secretaria da Administra\u00e7\u00e3o Penitenci\u00e1ria (SAP), a penitenci\u00e1ria abriga detentos de quatro dos seis continentes. S\u00e3o 136 celas distribu\u00eddas em quatro pavilh\u00f5es. Cadeia de Ita\u00ed \u00e9 a \u00fanica do Brasil exclusiva para presos estrangeiros
\nCarlos Dias\/G1
\nNo interior de S\u00e3o Paulo, a cidade de Ita\u00ed abriga uma das poucas unidades prisionais do Brasil destinadas ao encarceramento de estrangeiros. A Penitenci\u00e1ria “Cabo PM Marcelo Pires da Silva” abriga atualmente detentos de 69 nacionalidades. A diversidade cultural tamb\u00e9m chega aos idiomas: ali s\u00e3o faladas 66 l\u00ednguas.
\nAo todo, a penitenci\u00e1ria abriga detentos de quatro dos seis continentes. S\u00e3o 136 celas distribu\u00eddas em quatro pavilh\u00f5es.
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\nConforme dados do painel da Secretaria da Administra\u00e7\u00e3o Penitenci\u00e1ria (SAP), at\u00e9 mar\u00e7o deste ano, 920 homens estavam presos em Ita\u00ed, o que representa mais da metade da capacidade total de at\u00e9 1.618 presos. Os detentos v\u00eam de 69 diferentes na\u00e7\u00f5es. Os cinco principais pa\u00edses de origem s\u00e3o:
\nBol\u00edvia
\nParaguai
\nNig\u00e9ria
\nCol\u00f4mbia
\nPeru
\nDentre os crimes cometidos por eles, os que lideram s\u00e3o tr\u00e1fico de drogas, furto e roubo, conforme a Secretaria da Administra\u00e7\u00e3o Penitenci\u00e1ria.
\nRaio-x da Penitenci\u00e1ria de Ita\u00ed (SP) com base nos dados da Secretaria de Administra\u00e7\u00e3o Penitenci\u00e1ria (SAP) at\u00e9 mar\u00e7o de 2025
\nMariele Santos\/Arte g1
\nAo g1, Gilson Angelo Gon\u00e7alves, chefe da unidade, destaca algumas curiosidades sobre o local principalmente relacionadas aos idiomas. \u201cComo a unidade j\u00e1 abriga presos estrangeiros desde 2006, desenvolvemos uma expertise nesse aspecto. Quando o preso chega \u00e0 unidade, ele j\u00e1 tem algum contato com o Brasil e com a l\u00edngua portuguesa, o que facilita sua integra\u00e7\u00e3o\u201d, afirma.
\nEm compara\u00e7\u00e3o com outras unidades, Gon\u00e7alves ressalta que a parte administrativa e burocr\u00e1tica n\u00e3o \u00e9 muito diferente. “Nossa responsabilidade \u00e9 manter a ordem e a seguran\u00e7a na unidade, al\u00e9m de atuar no processo de reintegra\u00e7\u00e3o”, explica.
\nGilson Gon\u00e7alves, chefe da unidade na Penitenci\u00e1ria de Ita\u00ed (SP)
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/g1
\n\ud83c\udf0eAm\u00e9rica, \u00c1frica, Europa e \u00c1sia
\nPresos em Ita\u00ed t\u00eam aulas de portugu\u00eas na penitenci\u00e1ria
\nCarlos Dias\/G1
\nSegundo a Secretaria da Administra\u00e7\u00e3o Penitenci\u00e1ria (SAP), dos cinco principais pa\u00edses de origem dos presos da unidade em Ita\u00ed, quatro s\u00e3o da Am\u00e9rica do Sul: Bol\u00edvia, Paraguai, Nig\u00e9ria, Col\u00f4mbia e Peru.
\nA Am\u00e9rica representa 86% das nacionalidades, enquanto a \u00c1frica corresponde a 8%, e Europa e \u00c1sia, 3% cada.
\nO diretor da unidade explica que a socializa\u00e7\u00e3o entre os presos ocorre de forma tranquila. \u201cTemos dois pavilh\u00f5es destinados aos presos estrangeiros e, para facilitar a comunica\u00e7\u00e3o, buscamos agrup\u00e1-los por nacionalidade\u201d, afirma.
\n\u201cNo entanto, \u00e0s vezes, eles mesmos preferem dividir a cela com detentos de outros pa\u00edses, pois veem nisso uma oportunidade de conhecer novas culturas, algo bastante comum entre os presos estrangeiros\u201d, acrescenta.
\nA unidade prisional conta com 136 celas distribu\u00eddas em quatro pavilh\u00f5es. Inaugurada em agosto de 2000, inicialmente abrigava apenas presos condenados por crimes sexuais. Foi somente em 2006 que passou a receber estrangeiros, que antes ficavam detidos em cadeias pr\u00f3ximas ao local da pris\u00e3o.
\n\u201cNa \u00e9poca, houve uma determina\u00e7\u00e3o do ent\u00e3o secret\u00e1rio para centralizar esses detentos em Ita\u00ed, a fim de facilitar o apoio dos consulados. A escolha da cidade se deu pela melhor assist\u00eancia prestada pelos consulados na regi\u00e3o da Baixada\u201d, explica Gilson Gon\u00e7alves.
\nMembros da m\u00e1fia chinesa
\nAtualmente, a Penitenci\u00e1ria de Ita\u00ed abriga 28 presos chineses, cujos principais crimes incluem sequestro, homic\u00eddio qualificado, furto, roubo, inc\u00eandio criminoso, contrabando e estelionato, segundo a Secretaria da Administra\u00e7\u00e3o Penitenci\u00e1ria de S\u00e3o Paulo (SAP).
\nDentre esses presos, tr\u00eas pertencem a uma m\u00e1fia chinesa conhecida no Brasil, que se estabeleceu na capital paulista. Segundo a pol\u00edcia, o grupo produzia e vendia metanfetamina, uma droga sint\u00e9tica altamente destrutiva. As investiga\u00e7\u00f5es come\u00e7aram em meados do ano passado e o caso foi divulgado pelo Fant\u00e1stico em 26 de janeiro de 2025, com \u00e1udios e v\u00eddeos exclusivos.
\nExclusivo: veja como quadrilha comandada por chineses se instalou em S\u00e3o Paulo para a produ\u00e7\u00e3o de uma poderosa droga sint\u00e9tica
\nUm dos integrantes da quadrilha, Pikang Dong, de 71 anos, est\u00e1 entre os 28 chineses presos em Ita\u00ed, condenado a nove anos de pris\u00e3o. Outro mafioso encarcerado na unidade \u00e9 Bo Lin, apontado pela pol\u00edcia como o mandante dos assassinatos de comerciantes chineses em S\u00e3o Paulo, em 2017. A m\u00e1fia exigia pagamentos mensais exorbitantes desses comerciantes, que eram obrigados a pagar sob pena de morte.
\nAl\u00e9m dele, outro integrante do grupo, Lin Xianbin, de 52 anos, tamb\u00e9m atuava na extors\u00e3o de dinheiro. Ele foi preso em 28 de janeiro de 2025, ap\u00f3s passar dois anos foragido. Em 2023, ele n\u00e3o retornou \u00e0 Penitenci\u00e1ria Cabo PM Marcelo Pires da Silva ap\u00f3s a sa\u00edda tempor\u00e1ria de Natal.
\nLin Xianbin foi identificado pelas c\u00e2meras de reconhecimento facial na regi\u00e3o da 25 de Mar\u00e7o, no Centro de SP. Ele foi condenado a 18 anos por extors\u00e3o mediante sequestro e associa\u00e7\u00e3o criminosa, como um dos crimes cometidos em 2014, em que os criminosos da quadrilha exigiram R$ 300 mil para liberdade da v\u00edtima ap\u00f3s o sequestro.
\nPenitenci\u00e1ria para estangeiros em Ita\u00ed
\nCarlos Dias\/G1
\nExtradi\u00e7\u00e3o
\nA extradi\u00e7\u00e3o, segundo Gilson Gon\u00e7alves, \u00e9 um processo judicial que come\u00e7a com um pedido do pa\u00eds de origem do preso ao Itamaraty, por meio do Minist\u00e9rio da Justi\u00e7a. Esse procedimento permite que o detento cumpra a pena em sua terra natal. \u201cDepois disso, a extradi\u00e7\u00e3o s\u00f3 ocorre mediante decis\u00e3o do Supremo Tribunal Federal (STF)\u201d, explica.
\nNa Penitenci\u00e1ria de Ita\u00ed, o diretor afirma que os pedidos de extradi\u00e7\u00e3o n\u00e3o s\u00e3o frequentes. \u201cNo ano passado, foram apenas 13 extradi\u00e7\u00f5es. O processo n\u00e3o \u00e9 simples, pois exige uma tramita\u00e7\u00e3o judicial no STF\u201d, destaca.
\nHomenagem
\nA unidade \u00e9 batizada desde 2001 de “Cabo PM Marcelo Pires da Silva”, em homenagem ao policial militar de Avar\u00e9 (SP), cidade localizada a cerca de 40 km de dist\u00e2ncia de Ita\u00ed. O PM morreu baleado naquele mesmo ano, quando tinha 27 anos. Ele fazia a escolta de presos para S\u00e3o Paulo quando a viatura em que estava foi atacada em uma emboscada.
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