
Crian\u00e7a segurava uma vareta com um fio na ponta. Ela arremessou o objeto contra a fia\u00e7\u00e3o el\u00e9trica e sofreu apenas ferimentos leves. Novas imagens mostram quando crian\u00e7a sofre descarga el\u00e9trica ao brincar em varanda no PA
\nAs imagens impressionantes da descarga el\u00e9trica sofrida por uma menina de 7 anos durante uma brincadeira em Camet\u00e1 (Par\u00e1) levantaram perguntas: quais detalhes desta hist\u00f3ria podem ter sido determinantes para ela sobreviver? E o que poderia ter causado um problema maior?
\nO acidente ocorreu no dia 24 de fevereiro e a crian\u00e7a sofreu apenas ferimentos leves nas m\u00e3os e pernas.
\nDois f\u00edsicos explicaram ao g1 que alguns detalhes podem ter sido essenciais para o desfecho da hist\u00f3ria.
\nPonto fundamental: a vareta do bal\u00e3o
\n A menina Nikolly Gabriela de Sousa segurava uma vareta de um bal\u00e3o. Mas o objeto era de um tipo bastante espec\u00edfico: um bal\u00e3o transparente iluminado com pisca-pisca led.
\nPouco antes do acidente, o pl\u00e1stico do bal\u00e3o j\u00e1 havia estourado, mas a garota permaneceu brincando com a vareta e o fio das luzes de led.
\nEm um movimento parecido com o de um pescador, ela lan\u00e7ou a vareta e o fio para fora da sacada.
\nFoi assim que o fio das luzes de led encostou na fia\u00e7\u00e3o el\u00e9trica da rua.
\nNa imagem abaixo, retirada da filmagem da c\u00e2mera de seguran\u00e7a, \u00e9 poss\u00edvel ver o formato do fio no exato momento do acidente.
\nImagem mostra a vareta do bal\u00e3o na m\u00e3o da menina e o fio que estava ligado \u00e0 vareta encostando na fia\u00e7\u00e3o.
\nReprodu\u00e7\u00e3o
\nAo encostar a vareta na fia\u00e7\u00e3o, a menina sofreu a descarga el\u00e9trica e foi arremessada ao ch\u00e3o imediatamente. Nikolly ficou desacordada na hora e depois foi levada ao hospital, onde fez diversos exames, mas foi constatado que ela sofreu apenas ferimentos leves e se recuperou bem.
\nHip\u00f3teses que explicam os ferimentos leves
\nO professor do Instituto de F\u00edsica da UFRJ Luca Moriconi acredita que tr\u00eas fatores podem ter salvado a menina:
\no fato de o fio da vareta ser fino: o que provavelmente fez com ele derretesse e se rompesse, interrompendo a corrente el\u00e9trica,
\na posi\u00e7\u00e3o da grade de ferro da varanda: ela pode ter feito uma blindagem, dissipando a corrente. A grade pode ter funcionado como a chamada \u2018Gaiola de Faraday\u2019, promovendo o efeito de isolamento. Neste caso, como a menina n\u00e3o encostou diretamente com o corpo no ferro no parapeito da varanda, ela ficou menos exposta, apesar de ter sido arremessada ao ch\u00e3o.
\no tempo de contato com corrente el\u00e9trica foi muito curto: quando a corrente passa por \u00f3rg\u00e3o vitais, a v\u00edtima n\u00e3o costuma sobreviver. Marconi acredita que a corrente tenha passado da m\u00e3o para o p\u00e9 da crian\u00e7a muito rapidamente, sem atravessar os \u00f3rg\u00e3os vitais.
\nMoriconi destaca que nada \u00e9 totalmente isolante, dependendo do potencial el\u00e9trico, e lembra que j\u00e1 foi muito comum crian\u00e7as morrerem eletrocutadas ao soltar pipa, por exemplo.
\nAl\u00e9m disso, mesmo que um indiv\u00edduo encoste em algo com voltagem menor, se a corrente percorrer o corpo da pessoa por um tempo um pouco maior, o organismo pode sofrer ferimentos graves.
\n‘Gaiola de faraday’: o que \u00e9 o conceito da f\u00edsica que explica prote\u00e7\u00e3o de passageiros em trem com pane el\u00e9trica
\nCrian\u00e7a sofre descarga el\u00e9trica durante brincadeira em Camet\u00e1, no Par\u00e1
\nE se a garota tivesse usado uma barra de ferro?
\nPor outro lado, se em vez de uma vareta fina, ela estivesse segurando uma barra grande de ferro, o dano poderia ter sido muito maior e at\u00e9 fatal. Isso porque a corrente el\u00e9trica teria sido conduzida por mais tempo pelo corpo da crian\u00e7a.
\nAl\u00e9m disso, se tivesse algum material inflam\u00e1vel por perto, como produto de limpeza, \u00e1lcool ou combust\u00edvel, as fa\u00edscas geradas poderiam ter levado a um inc\u00eandio, em quest\u00e3o de segundos.
\nA tens\u00e3o da corrente de cabos el\u00e9tricos suspensos nas ruas (antes do transformador) pode variar de 220 volts at\u00e9 um pouco mais de 13 mil volts. Mas correntes bem menores do que esses valores j\u00e1 podem causar contra\u00e7\u00f5es musculares e parada card\u00edaca.
\nQuanto maior a corrente, maior \u00e9 o perigo
\nAlguns conceitos da f\u00edsica ajudam a entender melhor os riscos das correntes el\u00e9tricas:
\nA voltagem (V) \u00e9 igual a resist\u00eancia (R) multiplicada pela corrente el\u00e9trica (I): V= R x I
\nLogo, a corrente el\u00e9trica (I) \u00e9 igual a voltagem (V) dividida pela resist\u00eancia (R): I = V\/R
\nPor isso, quanto maior a resist\u00eancia, mais baixa \u00e9 a corrente.
\nMateriais isolantes, como borracha, t\u00eam resist\u00eancia maior. Quanto mais isolante \u00e9 o material ao redor da corrente, maior tende a ser a seguran\u00e7a. J\u00e1 se a resist\u00eancia el\u00e9trica for baixa, a corrente aumenta muito.
\nO pai da menina, Carlos Roberto Gon\u00e7alves de Sousa, contou ao g1 que o ch\u00e3o estava muito molhado, o que \u00e9 um agravante em acidentes el\u00e9tricos. Isso porque a \u00e1gua \u00e9 um excelente condutor el\u00e9trico. Neste contexto, um chinelo de borracha poderia n\u00e3o ter sido o suficiente para blindar a crian\u00e7a, segundo os especialistas.
\nO professor de f\u00edsica Bruno Marques explica que a corrente \u00e9 o que machuca em um acidente el\u00e9trico.
\n\u201cEla deu sorte de n\u00e3o ter ficado grudada no cabo. Ela tomou a pancada e voou longe, interrompendo a corrente. Se a tens\u00e3o fosse menor, ela poderia teria ficado grudada, mas ela teve sorte\u201d, avalia Marques.
\nO perigo da fia\u00e7\u00e3o baixa suspensa, pr\u00f3xima a resid\u00eancias
\nAs fia\u00e7\u00f5es pr\u00f3ximas \u00e0s casas e estabelecimentos, principalmente os que t\u00eam a partir de dois andares, s\u00e3o comuns pelo Par\u00e1, o que pode representar risco para a seguran\u00e7a dos moradores.
\nMarques destaca que o fato de os cabos el\u00e9tricos estarem t\u00e3o pr\u00f3ximos da varanda \u00e9 um absurdo e defende que cabos como esses sejam subterr\u00e2neos.
\nO pai da menina informou que entrou em contato com a distribuidora de energia Equatorial Par\u00e1, que protocolou uma vistoria no dia 27 de fevereiro. A empresa foi duas vezes no pr\u00e9dio, mas o cabo ainda continua na mesma posi\u00e7\u00e3o.
\nPor meio de nota, a Equatorial Par\u00e1 lamentou o acidente ocorrido e completou:
\n“A distribuidora refor\u00e7a que obras com dois ou mais andares exigem aten\u00e7\u00e3o especial, pois n\u00e3o devem ser realizadas pr\u00f3ximas \u00e0 rede el\u00e9trica. Paredes, janelas e sacadas devem manter uma dist\u00e2ncia m\u00ednima de tr\u00eas metros da rede de energia, a fim de evitar o toque acidental. Al\u00e9m disso, \u00e9 importante destacar que qualquer tentativa de manipular a rede el\u00e9trica para afast\u00e1-la do local da obra \u00e9 proibida, pois apenas profissionais autorizados pela Distribuidora est\u00e3o capacitados para realizar esse tipo de interven\u00e7\u00e3o.
\nO acidente foi, provavelmente, causado pelo material condutor presente no brinquedo da crian\u00e7a, que, ao entrar em contato com a rede el\u00e9trica, provocou um curto-circuito.
\nA Equatorial Par\u00e1 informa que segue todas as normas e padr\u00f5es regulamentares na instala\u00e7\u00e3o da rede el\u00e9trica e que, ap\u00f3s tomar conhecimento do ocorrido \u2014 mesmo considerando que a constru\u00e7\u00e3o foi realizada fora da faixa de seguran\u00e7a \u2014, avaliar\u00e1 junto ao cliente as medidas necess\u00e1rias para que n\u00e3o haja mais acidentes”.<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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