{"id":703458,"date":"2025-04-02T01:07:37","date_gmt":"2025-04-02T04:07:37","guid":{"rendered":"http:\/\/agencia3.jornalfloripa.com.br\/agencia3\/703458"},"modified":"2025-04-02T01:07:37","modified_gmt":"2025-04-02T04:07:37","slug":"feminicidio-a-luta-de-mulheres-brasileiras-por-socorro-e-justica-em-meio-ao-aumento-da-violencia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/agencia3.jornalfloripa.com.br\/agencia3\/703458","title":{"rendered":"Feminic\u00eddio: a luta de mulheres brasileiras por socorro e justi\u00e7a em meio ao aumento da viol\u00eancia"},"content":{"rendered":"

O Profiss\u00e3o Rep\u00f3rter desta ter\u00e7a-feira (1\u00ba) acompanhou de perto o trabalho de delegacias, ONGs e projetos que tentam romper o ciclo da viol\u00eancia contra mulheres no Brasil. Edi\u00e7\u00e3o de 01\/04\/2025
\nO Profiss\u00e3o Rep\u00f3rter desta ter\u00e7a-feira (1\u00ba) acompanhou a luta de mulheres que buscam justi\u00e7a diante do aumento recorde de feminic\u00eddios no Brasil.
\nA reportagem mostra a realidade das delegacias especializadas, as dificuldades enfrentadas pelas v\u00edtimas para romper o ciclo da viol\u00eancia e iniciativas para atender crian\u00e7as que testemunharam agress\u00f5es dentro de casa. Saiba mais abaixo.
\nRelatos de medo e dor
\nA reportagem foi \u00e0 6\u00aa Delegacia de Defesa da Mulher, em S\u00e3o Paulo, a unidade que mais registra ocorr\u00eancias de viol\u00eancia contra mulheres do estado. No local, presenciou a chegada cont\u00ednua de v\u00edtimas em busca de ajuda.
\nLet\u00edcia Rodrigues Barbosa, de 30 anos, relatou ter sido espancada pelo companheiro. Com uma fratura no rosto, ela relatou ter passado a noite no hospital depois de ser espancada pelo marido.
\n“Ele come\u00e7ou com muita crise de ci\u00fames, disse que eu estava traindo ele. ‘Pega o celular e desbloqueia agora’. Disso que eu n\u00e3o abri, ele come\u00e7ou a me agredir muito. Muitos tapas, socos, pux\u00e3o de cabelo”, contou.
\nOutra v\u00edtima, Samara de Oliveira Ribeiro, de 27 anos, contou que ficou sem consci\u00eancia ap\u00f3s ter sido jogada no ch\u00e3o por seu agressor.
\nNa 6\u00aa Delegacia, foram registrados quase 3 mil pedidos de medida protetiva em 2024 \u2014 nos tr\u00eas primeiros meses de 2025, j\u00e1 foram mais de mil pedidos.
\nA delegada Melissa Rodrigues explica que muitas mulheres enfrentam o chamado “ciclo da viol\u00eancia”, um padr\u00e3o que envolve tens\u00e3o crescente, agress\u00f5es e uma fase de “lua de mel”, quando o agressor promete mudar.
\n“Infelizmente, essas promessas n\u00e3o s\u00e3o cumpridas, e o ciclo se reinicia”, afirma.
\nCasos de feminic\u00eddio crescem no Brasil
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TV Globo
\nMedidas protetivas s\u00e3o suficientes?
\nNa madrugada do dia 5 de mar\u00e7o, Elaine Domenes de Castro, de 53 anos, foi assassinada pelo ex-namorado, Rog\u00e9rio Gon\u00e7alves, na esquina de sua casa, em S\u00e3o Paulo. As imagens do crime foram registradas por uma c\u00e2mera de seguran\u00e7a.
\n Ele foi preso no dia 6 de mar\u00e7o, um dia ap\u00f3s ter cometido o crime.
\nEles namoraram por pouco mais de um ano, mas estavam separados. Rog\u00e9rio amea\u00e7ava Elaine constantemente desde o t\u00e9rmino do relacionamento. Uma vez, chegou a dizer que iria mat\u00e1-la. Ela tinha uma medida protetiva contra ele.
\nO caso chama aten\u00e7\u00e3o n\u00e3o s\u00f3 pela gravidade do crime, mas porque Rog\u00e9rio j\u00e1 havia sido preso pelo assassinato da ex-namorada Wanda Maria de Oliveira da Silva, em 2005 – quando as leis Maria da Penha e do Feminic\u00eddio ainda n\u00e3o haviam sido criadas. Ele foi condenado a 12 anos de pris\u00e3o, mas acabou libertado ap\u00f3s 4 anos para cumprir o resto da senten\u00e7a em regime aberto por bom comportamento no pres\u00eddio.
\nElaine Domenes de Castro, de 53 anos, foi assassinada pelo ex-companheiro em mar\u00e7o
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TV Globo
\nUm pedido de ajuda que n\u00e3o chegou a tempo
\nO Profiss\u00e3o Rep\u00f3rter tamb\u00e9m mostrou o caso de Samara Cruz, de 29 anos, assassinada no munic\u00edpio de Flores, no sert\u00e3o de Pernambuco. Horas ap\u00f3s pedir ajuda a vizinhas pelo celular, ela foi morta pelo ex-marido na frente dos filhos.
\n“Minhas amigas, se voc\u00eas tiverem o telefone da delegacia de Flores, por favor, algu\u00e9m manda para mim. \u00c9 urgente”, escreveu Samara. “Ele j\u00e1 me espancou demais”.
\nEla n\u00e3o teve tempo. O homem subiu no telhado de sua casa, retirou as telhas e disparou onze tiros. Samara morreu na frente de dois de seus filhos. Uma delas, uma menina de apenas quatro anos, dormia abra\u00e7ada \u00e0 m\u00e3e.
\nNa condena\u00e7\u00e3o, a ju\u00edza Ana Carolina Santana proferiu a senten\u00e7a como uma carta para a v\u00edtima. O v\u00eddeo viralizou nas redes sociais.
\n “Querida Samara, assim como voc\u00ea, eu sou mulher e m\u00e3e, mas, diferente de voc\u00ea, estou viva (…) Hoje, voc\u00ea foi absolvida. Voc\u00ea n\u00e3o teve culpa do que te aconteceu”, diz em parte da grava\u00e7\u00e3o.
\nO caso chamou aten\u00e7\u00e3o para a frequ\u00eancia dos crimes de viol\u00eancia dom\u00e9stica na cidade. Como resposta, um projeto piloto do Tribunal de Justi\u00e7a de Pernambuco foi criado para atender crian\u00e7as que presenciaram agress\u00f5es dentro de casa, chamado de “Rompendo o ciclo da viol\u00eancia”.
\nSegundo dados do F\u00f3rum Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica, em 27% dos casos de viol\u00eancia contra mulheres os filhos s\u00e3o testemunhas do crime.
\n“Queremos um judici\u00e1rio que se preocupe tamb\u00e9m com a preven\u00e7\u00e3o. Porque quem vive, testemunha e cresce com esta viol\u00eancia, tende a reproduzi-la no futuro, ou aceita-la”, afirmou Ana Carolina Santana.
\nProjeto de reabilita\u00e7\u00e3o para condenados por crimes contra mulheres
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TV Globo
\nReeduca\u00e7\u00e3o de agressores
\nEm Aparecida de Goi\u00e2nia, no Goi\u00e1s, uma unidade prisional implementou um projeto focado em detentos condenados por crimes relacionados \u00e0 Lei Maria da Penha, uma iniciativa in\u00e9dita no Brasil.
\n“A maior parte dos autores de viol\u00eancia contra a mulher n\u00e3o entendem praticaram um ato violento. Eles acham, normalmente, que a culta \u00e9 da mulher, que ela mereceu de alguma forma. Esse trabalho da desconstru\u00e7\u00e3o da viol\u00eancia, da compreens\u00e3o do que \u00e9 a viol\u00eancia, ele \u00e9 essencial para que ela seja realmente combatida, afirma Ana Maria Rodrigues da Cunha, promotora de Justi\u00e7a.
\n“Infelizmente os homens aprenderam mal. Eles viram um pai maltratar a m\u00e3e, o tio bater na tia, e eles trouxeram isso para o seu conv\u00edvio. Eles acham que s\u00e3o donos, mas ningu\u00e9m \u00e9 dono de ningu\u00e9m”, Ant\u00f4nio Valter, detento preso por homic\u00eddio de um homem e por quebrar a medida protetiva de uma ex-companheira. “O mais dif\u00edcil \u00e9 aprender a desfazer o que voc\u00ea aprendeu errado”.
\n“Se a gente parte da ideia de que a viol\u00eancia \u00e9 algo que aprende. Se voc\u00ea cresceu vendo algu\u00e9m violentar as pessoas ao seu redor, como \u00e9 que voc\u00ea vai resolver conflito?”, questiona Andressa Teodoro, psic\u00f3loga e pesquisadora, que faz parte do projeto.
\nOs detentos que participam desses encontros t\u00eam direito a uma redu\u00e7\u00e3o de pena.
\nA reportagem completa est\u00e1 dispon\u00edvel no programa desta ter\u00e7a-feira. Assista no v\u00eddeo acima.
\nConfira as \u00faltimas reportagens do Profiss\u00e3o Rep\u00f3rter:<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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