Pesquisadores refor\u00e7am que felinos n\u00e3o transmitem a doen\u00e7a diretamente e alertam para a import\u00e2ncia da conserva\u00e7\u00e3o da esp\u00e9cie. O parasita Spirometra spp. foi encontrado pela 1\u00aa vez nas on\u00e7as-pintadas do Pantanal mato-grossense
\nYoann Lebrun
\nUm estudo in\u00e9dito da Universidade Estadual Paulista (Unesp) identificou, pela primeira vez, a presen\u00e7a de um parasita em on\u00e7as-pintadas que vivem no Pantanal de Mato Grosso e que pode afetar a sa\u00fade humana. A pesquisa foi conduzida no munic\u00edpio de Pocon\u00e9, a 104 km de Cuiab\u00e1, por Paul Raad Cisa, mestrando do Programa de P\u00f3s-Gradua\u00e7\u00e3o em Animais Selvagens, com orienta\u00e7\u00e3o do professor Felipe Fornazari, especialista em zoonoses da Faculdade de Medicina Veterin\u00e1ria e Zootecnia (FMVZ).
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\nO parasita identificado \u00e9 do g\u00eanero Spirometra spp., causador da esparganose \u2014 uma infec\u00e7\u00e3o provocada por larvas que podem atingir tanto animais quanto seres humanos. A presen\u00e7a do parasita foi detectada em um ter\u00e7o das 40 amostras de fezes coletadas na regi\u00e3o.
\nSem risco de cont\u00e1gio direto pelas on\u00e7as
\nOs pesquisadores fazem quest\u00e3o de ressaltar que as on\u00e7as-pintadas n\u00e3o transmitem diretamente o parasita aos humanos. A infec\u00e7\u00e3o ocorre, na verdade, por meio da ingest\u00e3o de \u00e1gua contaminada por cop\u00e9podes infectados ou carne mal cozida de animais como sapos, cobras e r\u00e9pteis, que atuam como hospedeiros intermedi\u00e1rios.
\nOu seja, n\u00e3o h\u00e1 motivo para p\u00e2nico ou qualquer a\u00e7\u00e3o contra os felinos, que continuam sendo essenciais para o equil\u00edbrio ecol\u00f3gico do Pantanal. A pesquisa ressaltou ainda que o parasita n\u00e3o apresenta riscos graves \u00e0 sa\u00fade do animal, j\u00e1 que \u00e9 um parasita que “entra e sai” do organismo deles.
\nImpactos e import\u00e2ncia da conserva\u00e7\u00e3o
\nEmbora o parasita ter sido detectado nos animais, as on\u00e7as-pintadas n\u00e3o transmitem diretamente o parasita aos humano
\nYoann Lebrun
\nAs larvas do Spirometra spp. podem se alojar no tecido subcut\u00e2neo, formando n\u00f3dulos, e, em casos mais graves, atingir olhos, m\u00fasculos e at\u00e9 o sistema nervoso central, provocando dores, inflama\u00e7\u00f5es, convuls\u00f5es e at\u00e9 cegueira. No entanto, os casos s\u00e3o raros e, na maioria das vezes, relacionados a h\u00e1bitos de consumo e falta de saneamento.
\nO estudo refor\u00e7a o conceito de Sa\u00fade \u00danica, que reconhece a conex\u00e3o entre a sa\u00fade humana, animal e ambiental. Diante disso, os pesquisadores defendem o monitoramento constante da fauna silvestre e estrat\u00e9gias de conserva\u00e7\u00e3o que garantam a prote\u00e7\u00e3o das on\u00e7as e das comunidades locais.
\nEntre as medidas eficazes para reduzir conflitos entre pecuaristas e os felinos est\u00e3o programas de compensa\u00e7\u00e3o financeira por perdas de rebanho, instala\u00e7\u00e3o de cercas adequadas e a\u00e7\u00f5es educativas para conscientizar sobre a import\u00e2ncia da conviv\u00eancia harmoniosa com a vida silvestre.<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"