
Jo\u00e3o Agripino foi enterrado na casa onde nasceu, em uma fazenda em Brejo do Cruz, e uma moradora ainda dorme no quarto ao lado do t\u00famulo do ex-governador. Ex-governador da Para\u00edba foi sepultado em t\u00famulo no quarto onde nasceu, em Catol\u00e9 do Rocha
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TV Para\u00edba
\nNo Sert\u00e3o da Para\u00edba, uma hist\u00f3ria inusitada e carregada de simbolismo desperta a aten\u00e7\u00e3o. O ex-governador Jo\u00e3o Agripino, que esteve \u00e0 frente do estado entre 1966 e 1971, est\u00e1 sepultado dentro do quarto onde nasceu, na Fazenda Cachoeira, localizada entre os munic\u00edpios de Brejo do Cruz e Catol\u00e9 do Rocha. A decis\u00e3o partiu do pr\u00f3prio ex-governador, que manifestou ainda em vida o desejo de retornar \u00e0 terra natal de maneira definitiva.
\nA fam\u00edlia Maia, da qual Jo\u00e3o Agripino fazia parte, tem uma trajet\u00f3ria hist\u00f3rica na pol\u00edtica paraibana, com liga\u00e7\u00f5es matrimoniais e pol\u00edticas com os Mariz, de Sousa. A uni\u00e3o entre essas fam\u00edlias influenciou a administra\u00e7\u00e3o p\u00fablica do estado ao longo do s\u00e9culo XX. O sobrinho de Jo\u00e3o Agripino, Lauro Maia, conta que essa rela\u00e7\u00e3o teve in\u00edcio a partir de um epis\u00f3dio curioso protagonizado pelo patriarca da fam\u00edlia.
\n\u201cMeu bisav\u00f4, Jo\u00e3o Agripino, era um fazendeiro negociante e, numa de suas andan\u00e7as pela cidade de Sousa, conheceu Angelina, ainda muito jovem. Quando voltou para a Fazenda Santa Idalina, disse ao filho que tinha conhecido uma mo\u00e7a e queria que ele a conhecesse para que se casassem. Assim, ele viajou para Sousa a cavalo, conheceu Angelina e o casamento aconteceu\u201d, explicou Lauro.
\nEx-governador da Para\u00edba, Jo\u00e3o Agripino
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/TV Para\u00edba
\nAngelina Mariz, esposa de Jo\u00e3o Agripino pai, entrou para a hist\u00f3ria como a \u00fanica mulher brasileira a ser m\u00e3e de dois governadores de estados diferentes: Tarc\u00edsio Maia, que governou o Rio Grande do Norte nos anos 1970, e Jo\u00e3o Agripino, que governou a Para\u00edba. Durante sua gest\u00e3o, Jo\u00e3o Agripino deixou um legado importante para o estado, incluindo a constru\u00e7\u00e3o do ic\u00f4nico Hotel Tamba\u00fa, a expans\u00e3o da energia el\u00e9trica para v\u00e1rias cidades e a cria\u00e7\u00e3o da rodovia Anel do Brejo, interligando oito munic\u00edpios da regi\u00e3o.
\nSeu maior feito, no entanto, foi a amplia\u00e7\u00e3o da BR-230, que atravessa a Para\u00edba de ponta a ponta. Uma hist\u00f3ria, em particular, mostra sua postura r\u00edgida e criteriosa como gestor. \u201cEle inspecionava todo o trabalho. Em um determinado trecho da rodovia, mandou medir o asfalto para verificar se estava de acordo com o contratado. E n\u00e3o estava. Em vez de mandar recapear, ele ordenou que todo o asfalto fosse retirado e refeito\u201d, relembra uma das personagens entrevistadas.
\nA Fazenda Cachoeira, onde Jo\u00e3o Agripino nasceu e hoje est\u00e1 sepultado, mant\u00e9m parte de sua estrutura original de quase 200 anos, com paredes, piso e telhado preservados. Mesmo ap\u00f3s sua morte, em 1988, levou cinco anos para que seu desejo fosse concretizado. Inicialmente sepultado em Jo\u00e3o Pessoa, s\u00f3 em 1993 seu corpo foi levado de volta \u00e0 sua terra natal e enterrado dentro do quarto onde nasceu.
\nFazenda onde o ex-governador da Para\u00edba, Jo\u00e3o Agripino, nasceu e est\u00e1 sepultado
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\nLauro Maia admite que a decis\u00e3o pode parecer estranha para muitos, mas refor\u00e7a que foi uma escolha pessoal do ex-governador. \u201cEu n\u00e3o digo estranho, mas esquisito. Mas foi a vontade dele, e a vontade foi cumprida. E a verdade \u00e9 que todos est\u00e3o aqui, n\u00e3o incomoda ningu\u00e9m, e eu acho que \u00e9 a \u00fanica casa no Brasil que tem o governador de um estado sepultado onde nasceu, a pedido dele\u201d, explicou o sobrinho do ex-governador.
\nHoje, a sepultura dentro da casa recebe visitas espor\u00e1dicas de familiares e alguns poucos curiosos. No local, ainda moram tr\u00eas idosos, todos descendentes de trabalhadores da Fazenda Cachoeira. Uma delas, a aposentada Francisca Batista da Silva, dorme no quarto ao lado do t\u00famulo de Jo\u00e3o Agripino e v\u00ea isso com naturalidade.
\n\u201cAchei bom ele ter vindo pra c\u00e1 para eu poder cuidar dele, mesmo morto. Eu queria bem a ele. Queria n\u00e3o, quero. Ele era uma pessoa boa, era um compadre pra gente. Todo mundo dizia: \u2018eu n\u00e3o morava n\u00e3o ao lado de uma sepultura\u2019. Mas eu moro. Eu moro e eu quero ver ele, meu sonho\u201d, relatou emocionada.
\nA hist\u00f3ria de Jo\u00e3o Agripino continua viva n\u00e3o s\u00f3 na pol\u00edtica e no desenvolvimento da Para\u00edba, mas tamb\u00e9m dentro das paredes da casa onde nasceu.
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