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Lula participa da entrega do prêmio mais importante da literatura de língua portuguesa a Chico Buarque


O homenageado do dia recebeu o prêmio depois de 4 anos de espera. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro não assinou a documentação necessária para a entrega do diploma: ‘Quatro anos de governo funesto duraram uma eternidade’, disse Chico Buarque. Lula participa da entrega do prêmio mais importante da literatura de língua portuguesa a Chico Buarque
Reprodução Jornal Nacional
Em Portugal, o presidente Lula também participou da cerimônia em que Chico Buarque recebeu o prêmio mais importante da literatura de língua portuguesa.
O local da cerimônia tem um simbolismo para os dois países: foi no Palácio de Queluz, em Sintra, que nasceu e morreu Dom Pedro I – o Rei Dom Pedro IV para os portugueses. Estavam na cerimônia da entrega do Prêmio Camões o presidente Marcelo Rebelo de Souza, o primeiro-ministro, António Costa, e escritores e artistas portugueses e brasileiros .
“Chico Buarque tem sido comemorado todos os dias, por todos nós. É a grande voz do Brasil. Escrita, cantada, como compositor popular, como poeta, como músico”, afirmou a cantora Fafá de Belém.
O júri – composto por dois brasileiros, dois portugueses e um moçambicano e uma angolana – elegeu Chico Buarque por unanimidade em maio de 2019. Os integrantes citaram a qualidade da obra e a contribuição dele para a formação cultural de diferentes gerações nos países de língua portuguesa.
Chico lançou seu primeiro livro de ficção, “Fazenda modelo”, em 1974. O primeiro romance, “Estorvo”, é de 1991. Também escreveu peças marcantes para o teatro, como “Roda viva” e “Ópera do malando”.
O presidente Lula mencionou a importância de Chico Buarque na cultura brasileira.
“Chico transformou em patrimônio literário comum, os amores de nossos povos, as alegrias de nossos carnavais, a beleza de nossas fases e sambas, as lutas obstinadas de nossos cidadãos e dos nossos cidadãos pela conquista da liberdade e da democracia”, declarou Lula.
No discurso, Chico lembrou a influência do pai, o historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda. Citando a letra de uma de suas músicas, falou da diversidade brasileira, presente na família dele.
“O meu pai era paulista, meu avô pernambucano, o meu bisavô mineiro, meu tataravô baiano. Tenho antepassados negros e indígenas cujos nomes, meus antepassados brancos, trataram de suprimir da história familiar. Como em imensa maioria do povo brasileiro, trago nas veias sangue do açoitado e do açoitador, o que ajuda a nos explicar um pouco”, disse Chico Buarque.
Chico também destacou a importância da data do prêmio, que coincide com o aniversário do fim da ditadura em Portugal em 1974. Chico Buarque recebeu o prêmio depois de 4 anos de espera. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro não assinou a documentação necessária para a entrega do diploma, e isso fez com que os vencedores de 2020, 2021, e 2022 também não pudessem receber a premiação.
“Mas, por mais que eu leia e fale de literatura, por mais que eu publique romances e contos, por mais que eu receba prêmios literários, faço gosto em ser reconhecido no Brasil como compositor popular e, em Portugal, como o gajo que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e um cheirinho de alecrim. Valeu a pena esperar por esta cerimônia marcada, não por acaso, para a véspera do dia em que os portugueses descem a Avenida Liberdade a festejar a revolução dos cravos”, disse o homenageado.
Ao falar sobre a espera pela premiação, Chico Buarque criticou o ex-presidene Jair Bolsonaro, sem citá-lo nominalmente.
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“Lá se vão quatro anos que meu prêmio foi anunciado. Eu já me perguntava se me haviam esquecido ou, quem sabe, se prêmios também são perecíveis, têm prazo de validade. Quatro anos, com uma pandemia no meio, davam às vezes a impressão de que um tempo bem mais longo havia transcorrido. No que se refere ao meu país, quatro anos de governo funesto duraram uma eternidade, porque foi um tempo em que um tempo parecia andar para trás. Aquele governo foi derrotado nas urnas, mas nem por isso podemos nos distrair, pois ameaça fascista persiste no Brasil, como um pouco por toda a parte. Hoje, porém, nesta tarde celebração, reconforta me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma no meu Prêmio Camões, deixando o seu espaço em branco para a assinatura do nosso presidente Lula. Recebo este prêmio menos como uma honraria pessoal e mais como desagravo. Há tantos autores e artistas brasileiros humilhados, ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo. Muito obrigado”, agradeceu Chico Buarque.
O ex-presidente Jair Bolsonaro não se manifestou.
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