
Após ser empossado nesta segunda, ele repetiu várias falas da campanha eleitoral. Elas incluíram alegações sobre imigração, economia, veículos elétricos e o Canal do Panamá. Trump discursa para apoiadores após tomar posse como presidente
Greg Nash/Pool via Reuters
Em seu primeiro discurso após ser empossado nesta segunda-feira (20) como 47º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump repetiu várias declarações falsas e enganosas que ele havia feito durante a campanha eleitoral. Agora, elas incluíram falas sobre imigração, economia, veículos elétricos e o Canal do Panamá.
A agência de notícias Associated Press fez uma análise das alegações falsas e enganosas de Trump no discurso. Veja abaixo:
Alegação infundada sobre imigrantes
Declaração – Trump, um republicano, disse que o governo dos EUA “falha em proteger nossos magníficos cidadãos americanos cumpridores da lei, mas fornece santuário e proteção para criminosos perigosos, muitos de prisões e instituições mentais que entraram ilegalmente em nosso país de todo o mundo”.
Os fatos – Não há evidências de que outros países estejam enviando seus criminosos ou doentes mentais através da fronteira.
Inflação sob Biden não foi recorde
Declaração – “Vou orientar todos os membros do meu gabinete a reunirem os vastos poderes à sua disposição para derrotar o que era uma inflação recorde e reduzir rapidamente os custos e preços.”
Os fatos – A inflação atingiu o pico de 9,1% em junho de 2022, após aumentar de forma constante nos primeiros 17 meses da presidência do democrata Joe Biden, partindo de 0,1% em maio de 2020. Os dados mais recentes mostram que, em dezembro de 2024, ela havia caído para 2,9%.
Promessa de tarifas para outros países
Declaração – Prometendo estabelecer um Serviço de Receita Externa para cobrar “todas as tarifas, impostos e receitas”, Trump disse: “Serão enormes quantias de dinheiro entrando em nosso Tesouro, vindas de fontes estrangeiras.”
Os fatos – Quase todos os economistas apontam que os consumidores americanos pagarão pelo menos parte, se não a maior parte, do custo das tarifas. Alguns exportadores no exterior podem aceitar lucros menores, para compensar parte do custo das tarifas, e o dólar provavelmente aumentará na comparação com as moedas dos países que enfrentam tarifas, o que também pode compensar parte do impacto.
Revogação das políticas para carros elétricos
Declaração – “Revogaremos a política de incentivo a veículos elétricos, salvando a indústria automobilística e mantendo minha promessa sagrada aos nossos grandes trabalhadores automotivos americanos.”
Os fatos – É enganoso afirmar que tal política existe em âmbito federal. Em abril de 2023, a Agência de Proteção Ambiental anunciou limites rígidos para emissões de gases de efeito estufa de veículos de passageiros. O órgão diz que esses limites podem ser cumpridos se, até 2032, 67% dos novos veículos vendidos forem elétricos.
A China não opera o Canal do Panamá
Declaração – Discutindo seu desejo de que os EUA retornem o Canal do Panamá: “Navios americanos estão sendo severamente sobrecarregados e não são tratados de forma justa de nenhuma maneira, forma ou formato, e isso inclui a Marinha dos Estados Unidos. E, acima de tudo, a China está operando o Canal do Panamá”.
Os fatos – Autoridades no Panamá negaram as alegações de Trump de que a China esteja operando o canal e de que os EUA estão sendo sobrecarregados. Ricaurte Vásquez, administrador do canal, disse em uma entrevista à Associated Press que “não há discriminação nas taxas”. “As regras de preço são uniformes para absolutamente todos aqueles que transitam pelo canal e claramente definidas”, afirmou.
Trump, reclamando sobre o aumento das taxas para navios que transitam pelo canal, se recusou a descartar o uso de força militar para tomar o controle do canal.
Os Estados Unidos construíram o canal no início dos anos 1900, pois buscavam maneiras de facilitar o trânsito de embarcações comerciais e militares entre suas costas. Washington cedeu o controle da hidrovia ao Panamá em 31 de dezembro de 1999, sob um tratado assinado em 1977 pelo presidente Jimmy Carter, um democrata.