• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

‘A arma do meu filho era a bíblia’, diz mãe de jovem morto em confronto com policiais militares em Teresina


Segundo a PM-PI, José Nilton de Sousa Marques era integrante do grupo criminoso envolvido na tentativa de assalto contra o coronel Maurício de Lacerda na segunda-feira (17). Familiares negam. Secretário de segurança do estado diz que ‘toda vida deve ser preservada’ e garante que ação policial será investigada. “De casa para a igreja”: Mãe de jovem morto em ação policial diz é inocente
“Meu filho foi morto como bandido e meu filho não é bandido”, foi o que disse Raimunda Maria Gomes, mãe de José Nilton de Sousa Marques, um dos dois jovens mortos pela Polícia Militar do Piauí (PM-PI) na segunda-feira (17), na Zona Norte de Teresina. Na ocasião, a PM-PI informou que ele e o outro rapaz, Samuel Magno, morreram após trocar tiros com uma guarnição.
Segundo a mãe, testemunhas relataram, no entanto, que José Nilton e Samuel Magno não estavam armados no momento em que foram mortos e, portanto, não teria ocorrido uma troca de tiros. As famílias dos rapazes registraram Boletim de Ocorrência no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e um inquérito foi aberto para apurar a ação policial.
Em entrevista à TV Clube, Raimunda Maria relembrou a data em que o filho morreu.
“Amanheceu o dia de segunda-feira, a rotina do dia a dia, me ajeitei pra ir trabalhar, arribei a cortina do quarto em que ele dorme. Ele tava dormindo, embrulhado, fui trabalhar. Quando cheguei, umas 14h por aí, ele não tava [em casa]. Aí tomei banho e me sentei no terraço. Quando sentei, uma pessoa já ligou: ‘teu filho tá baleado’, aí eu [disse] ‘rum’. Eu não quis acreditar”, relembrou.
‘A arma do meu filho era a bíblia’, diz mãe de jovem morto em confronto com policiais militares em Teresina
Reprodução/TV Clube
Segundo o comandante da PM-PI, coronel Scheiwann Lopes, os dois jovens mortos eram integrantes do grupo criminoso envolvido na tentativa de assalto contra o coronel Maurício de Lacerda Almeida Filho, na madrugada de segunda-feira (17).
Após as mortes, os corpos dos rapazes foram colocados na carroceria de uma viatura e encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML).
“Se meu filho fizesse coisa errada, eu até esperava alguma coisa. Mas não, meu filho é uma pessoa de bem, não é bandido. Aí ela [pessoa] ligou de novo, porque caiu a ligação: ‘Raimunda, teu filho tá baleado aqui’, aí eu fui”, contou.
“Cheguei lá, ele tava jogado na viatura. Na hora lá, disse que meu filho disse assim ‘eu não tenho nada a ver, eu não tenho nada a ver, pelo amor de Deus, eu não tenho nada a ver com isso’ e atiraram no meu filho”, afirmou emocionada.
“Teve pessoas que viram, não teve troca de tiros, teve não. Nem com arma ele tava, meu filho não é bandido, a arma que meu filho usa é a Bíblia. O povo comenta que ele tava passando [no lugar errado] no momento errado”, relatou.
Dois homens são mortos durante troca de tiros com a PM na Zona Norte de Teresina
Lívia Ferreira/g1 Piauí
De acordo com Raimunda Maria, o filho tinha como principal fonte de renda atividades diversas, os chamados ‘bicos’. A mãe definiu o jovem como ‘um bom filho’ e contou que ainda não conseguiu retornar para a casa em que morava com o rapaz após o ocorrido.
Para ela, a dor da perda é insuperável. “O José Nilton de Sousa Marques é inocente, não tem passagem pela polícia, não tem, tem a ficha limpa. Um bom filho. Pode ir lá perguntar, ‘quem é José Nilton?’, todo mundo fala por uma boca só: evangélico, de casa pra igreja, da igreja pro serviço. A profissão dele é gesseiro, ele capina, trabalha de lava-jato. O que aparecia, ele trabalhava”, contou.
“Eu não voltei pra nossa casa, vim para casa do meu pai. É um sentimento que parece que nunca vai passar, nunca vai passar, só a mãe que perde o filho que sabe. Parece que nunca vai passar”, desbabafou a mãe.
‘Toda vida deve ser preservada’, diz secretário de segurança
Secretário de segurança do Piauí, Chico Lucas
Reprodução/TV Clube
O secretário de segurança do estado, Chico Lucas, assistiu à entrevista de Raimunda Maria nesta quarta-feira (19), prestou solidariedade à mãe e reforçou que a ação da PM-PI será investigada pelo Departamento de Homicídio e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil.
“Os policiais disseram que repeliram uma justa ameaça. Eles têm o direito de preservar a sua vida. Quando são recebidos com algum tipo de tiro, também podem reagir, não podem é matar, eles não têm essa autorização. Pelo contrário, nós proibimos qualquer ato de violência ilegítimo. A reação legítima vai ser sempre protegida pelo Estado”, disse.
LEIA TAMBÉM
Grupo queima ônibus em protesto por mortos pela PM em Teresina
Polícia Civil apreende carro utilizado em tentativa de assalto a coronel da PM
Segurança prende suspeitos de queimar ônibus
“Eu fico muito compadecido à dor da mãe, quero dizer que toda morte é uma morte que eu sofro. Eu sofro muito, principalmente com a morte de adolescentes. Toda vida tem que ser preservada, toda vida. Não é porque é um criminoso que tem que morrer, tem que acabar esse debate”, declarou.
“Nós somos do campo progressista, não defendemos a máxima de que criminoso bom é criminoso morto. Mas a gente tem que investigar se houve ou não agressão e quem vai fazer isso é o DHPP. E eu confio plenamente no trabalho do DHPP”, concluiu o secretário.
📲 Confira as últimas notícias do g1 Piauí
📲 Acompanhe o g1 Piauí no Facebook, no Instagram e no Twitter
VÍDEOS: Assista às notícias mais vistas da Rede Clube

Adicionar aos favoritos o Link permanente.